PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA TRIBUTÁRIA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art.150, § 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

TURISMO DE AVENTURA

Ninguém se espante ao avistar cartazes espalhados pelas agências de viagens do mundo inteiro com um entusiasmado convite: “Venha ao Brasil em 2014. Será uma aventura inesquecível!”.

Quem viria para ver jogos da Copa do Mundo que apronte melhor sua bagagem. Imagine-se em um safári ou rally. Venha bem equipado. As emoções começarão no campo de aviação. Será uma estrutura provisória e distante da estação de passageiros. De ônibus ou a pé, meia hora depois da descida os viajantes estarão confortavelmente esperando que cheguem as malas. Com sorte, nenhuma valise extraviada, tudo em ordem para a fila do táxi. Então, os primeiros congestionamentos até o hotel, onde pouquíssimos funcionários falarão a língua dos visitantes e o check-in se arrastará por uma ou duas horas.

Nos estádios, felizmente, tudo estará quase pronto. Faltarão alguns detalhes de conforto e segurança, mas vá lá, dá para suportar. Bem como acontece no Engenhão, no Rio de Janeiro, modelo para as obras da Copa. Construído como uma das maravilhas do Pan de 2007, ainda hoje é um problemão. Bonito, quase confortável, mas inacessível, espremido entre ruas suburbanas. E superfaturado, como ocorreu com todas as instalações destinadas aos jogos daquele ano.

Metrô, grandes vias expressas para facilitar o tráfego, ônibus e trens muito rápidos, ar condicionado perfeito, tudo belezinha, como diz o Paulo Brito. Sonho lindo que não se realizará. O que construírem custará os bilhões que não teremos como pagar em menos de um século. Uma renovada dívida externa a caminho.

Para evitar atrasos invencíveis, afrouxaram os controles das licitações. Vai ser quase um vale-tudo. O choro, depois da Copa, a gente segura. Se o time do Mano for o que se espera, menos mal. Vá que a canarinho ganhe o caneco. A festa apagará o que sobrar da guerra. Uma pena que tenha que ser assim. E o jeito é torcer para impedir o mico da Colômbia, que, em 1986, repassou o direito de sediar o Mundial aos mexicanos. Temos que pisar firme, com o pé no fundo, para recuperar o tempo que passou sem que se fizesse alguma coisa de bom. A pressa é ruim, mas agora não tem mais volta, é o jeito. Sem esquecermos que o compromisso brasileiro é para 2013, Copa das Confederações. Ficarei feliz se os fatos me contrariarem. Torço para estar errado, mas não me vejo um pessimista, apenas ponho meu olhar sobre fatos corriqueiros da prática brasileira. Precisamos aprimorar ainda mais a fiscalização. Uma lupa deve ser posta sobre os projetos e contratos. Otimizar os cronogramas não deveria ser motivo de brincar de controlar. Estamos abraçando uma aventura para lá de perigosa.

*CLAUDIO BRITO, JORNALISTA - ZERO HORA 18/04/2011

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