PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA TRIBUTÁRIA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art.150, § 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

domingo, 24 de agosto de 2014

LAZER CARO E ACIMA DA INFLAÇÃO


ZERO HORA 24 de agosto de 2014 | N° 17901


ERIK FARINA E GUSTAVO FOSTER


DIVERSÃO COM PREÇO NADA DIVERTIDO

GASTOS COM LAZER, como ir ao cinema ou a shows, subiram acima da inflação nos últimos 10 anos. Em alguns casos, como o ingresso para danceteria, a alta chegou a 347%. Para aliviar o peso no bolso, é preciso ser criativo



Momentos de lazer com a família ou os amigos não têm preço. Mas, para vivenciar essas expe- riências, é preciso abrir a carteira. E a conta tem ficado mais cara. Cinema, teatro, danceteria, barzinho ou um inocente espetáculo de circo atropelam os índices de inflação ou os reajustes salariais.

Conforme estudo do Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), feito a pedido de ZH, o valor de ingressos e lanches acelerou mais do que a média de outros serviços nos últimos 12 meses. A balada ficou 8,5% mais cara, e o lanche, 15,2%. Neste período, o Índice de Preços ao Consumidor subiu 4,35%.

E não é de hoje que o valor do cinema ficou um terror, o da pipoca está mais salgado e o do futebol cruzou a linha de impedimento. Quatro dos seis programas favoritos dos gaúchos subiram mais do que o custo de vida em 10 anos, mostra o levantamento. Outro estudo, realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), diz que os shows musicais tiveram um aumento estrondoso: subiram quase 400% em Porto Alegre.

As razões para essa disparada são diversas, dizem economistas: mais tecnologia nas salas de cinema, desembarque de estrelas internacionais na Capital e aumento no preço de ingredientes usados nas lanchonetes. Mas a principal é o descompasso entre oferta e demanda, explica o economista André Braz, responsável pelo estudo de inflação da FGV:

– O crescimento da classe média criou um gigantesco grupo de novos consumidores, mas as empresas não aumentaram a oferta no mesmo ritmo. Além disso, a mão de obra anda escassa, e isso aumenta o poder de barganha do trabalhador por aumentos salariais.

Uma boa notícia para trabalhadores, mas nem tanto para quem passa o mês com as contas na ponta do lápis. Quando a diversão é em família, então, o susto é maior. Uma vez por semana, o funcionário público Luiz Pachaly leva os dois filhos ao cinema. O gênero favorito são os desenhos – e os filhos preferem assistir nas salas 3D. Só de ingressos, lá se vão R$ 72. E a brincadeira está apenas começando.

– O problema nem é tanto o ingresso, mas o preço de tudo que se compra na área do cinema: pipoca, refrigerante, bala, chocolate – afirma Pachaly.

Sorte a dele que não tem vício em bebida ou cigarro, diz: assim sobra mais para dar alegria pra criançada. Na semana passada, levou a turma a um circo instalado no bairro Praia de Belas, em Porto Alegre. Os ingressos até eram módicos: R$ 25 cada. Mas o resto...

– Paguei R$ 7 por uma água, R$ 9 por um refrigerante. Um chaveirinho do circo custou R$ 10. Quando me dei conta, tinha desembolsado R$ 200 – contabiliza Pachaly.

O jeito é garimpar promoções, diz o estudante Claus Toledo. Para escapar de ingressos mais caros no cinema, ele e a namorada, Hemelina Fraga, aproveitam dias e horários com desconto. Na quinta-feira passada, pagaram meia entrada para assistir Tartarugas Ninjas, em uma promoção em um shopping de Porto Alegre.

– E tem de escolher a dedo o que fazer, senão o dinheiro do estágio não dá conta – afirma Claus.


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