Juro sobe mais uma vez e retorna aos dois dígitos
Inflação alta e proximidade de eleições levam a taxa básica a valer 10% ao ano a partir de hoje
A partir de hoje, o juro básico do Brasil volta ao patamar de dois dígitos. A decisão de elevar de 9,5% para 10% a taxa Selic, tomada ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), deixa para trás uma das principais ofensivas de Dilma Rousseff, o juro baixo.
Desde maio, o BC mantém o ritmo de aumento de 0,5 ponto percentual a cada reunião do comitê. Uma das análises dos economistas é a de que o governo quer evitar grandes elevações de juro no próximo ano, quando Dilma disputa a reeleição. Na média das previsões do mercado, a projeção para 2014 é de um aumento modesto do juro, para 10,5% até o final do ano.
Na justificativa apresentada em quatro comunicados anteriores, o BC repetia que “essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”. Ontem, esse trecho não voltou a ser mencionado, o que era uma expectativa do mercado, porque apontaria para uma possível redução no ritmo de alta em 2014.
Na avaliação de André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, o juro deve ter mais duas altas de 0,5 ponto percentual, até chegar a 11% ao ano em fevereiro. Depois disso, deve ficar estável.
– O mercado se pergunta até quando o Brasil vai manter seu modelo de crescimento calcado no consumo, mas com queda nas margens de lucros reais. Também há uma antecipação da questão eleitoral – diz André.
Eduardo Velho, economista-chefe da gestora Invx Global, prevê dois aumentos da taxa de 0,25 ponto percentual em janeiro e fevereiro do ano que vem, o que levaria a Selic para 10,5%
– A Selic deve continuar subindo porque a inflação está elevada e a perspectiva de reajuste nos preços dos combustíveis deve pressionar ainda mais – avalia Eduardo.
O economista da Invx Global diz ainda que a continuidade das altas depois de fevereiro vai depender dos resultados dos índices de preços, mas que não é interessante para o BC subir a Selic novamente para níveis superiores a 11% ao ano, tanto em função do ano eleitoral quanto para não ver sua credibilidade abalada por colocar a taxa de volta a níveis elevados depois de tê-la reduzido ao mínimo histórico, pouco tempo atrás.
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