PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA TRIBUTÁRIA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art.150, § 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

RECUO EM PREÇOS





ZERO HORA 08 de agosto de 2013 | N° 17516


Inflação é a menor em três anos. Índice calculado pelo IPCA subiu apenas 0,03% em julho beneficiado pela redução de passagens de ônibus e queda em alimentos


Com a queda no preço de alimentos e a revogação do aumento das tarifas de transporte coletivo em diferentes capitais, a inflação em julho apresentou a menor variação mensal em três anos. O Índice de Preços aos Consumidor Amplo (IPCA), referência para a meta do governo, recuou de 0,26% em junho para 0,03% no mês passado.

A alta de julho é o menor resultado mensal desde igual mês de 2010. A esperada safra de meio de ano, que empurra o preço dos alimentos para baixo, e as tradicionais liquidações de inverno, que tornam a compra de peças de vestuário mais atrativas, contribuíram para que o avanço dos preços desse uma trégua. A surpresa mesmo veio do item transporte: queda de 0,66%.

– É uma conquista das manifestações. Sem elas, o índice seria mais alto, pois em vez de redução no preço da passagem teríamos um aumento – diz Pedro Raffy, professor de economia da Universidade Mackenzie.

De acordo com Gilberto Braga, professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), o efeito do custo menor da passagem não deve se repetir nos próximos meses.

Considerado vilão da inflação por apresentar as maiores altas, o tomate agora volta à cena no papel de mocinho. Foi o alimento que mais reduziu o preço. Em um mês, a queda foi de 27,25%. Na contramão, o que mais subiu no período foi o custo com empregados domésticos – alta de 1,45%.

Efeito da alta do dólar tende a chegar aos consumidores

Sem o impacto positivo do transporte e com o efeito dos alimentos já bastante reduzido, o governo deve encontrar mais dificuldades para domar o avanço dos preços.

– O resultado é bom, mas a inflação deve voltar a subir nos próximos meses. Até o final de outubro, a alta do dólar já vai estar irradiada em toda a economia – afirma Braga.

O dólar mais alto encarece o preço de produtos importados e torna a exportação mais atraente ao produtor. A menor oferta faz os valores subirem.

Sobre juros, a desaceleração da inflação não deve alterar a cabeça dos diretores do Banco Central na reunião do Comitê de Política Monetária nos dias 27 e 28, entende o diretor de Pesquisas Macroeconômicas do Bradesco, Octavio de Barros. O BC vem em uma sequência de aumento da Selic, hoje em 8,5% ao ano.

Impacto na carteira é diferente para cada um

Apesar de ser considerado o indicador oficial de inflação do país, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem impacto diferente para cada consumidor. O cálculo é realizado com base em uma cesta de produtos mais consumidos pelos brasileiros e, portanto, uma média. Todas as regiões do país têm a mesma lista de mercadorias, mas a importância de cada item na análise final varia em cada Estado, sempre de acordo com a quantidade consumida.

– Aumento de preço da erva-mate, por exemplo, tem peso maior no índice do Rio Grande do Sul do que no Rio Grande do Norte. É normal que as pessoas achem que a inflação divulgada no mês não é do mesmo tamanho daquela que percebem no bolso – diz o pesquisador do IBGE Vladimir Lautert.

O mesmo acontece com o transporte público. Quem vai de carro para o trabalho não sente os efeitos da redução da tarifa tanto quanto aquele que utiliza ônibus ou metrô para se locomover. Quedas no preço de alimentos, por outro lado, costumam ser perceptíveis porque todas as pessoas, seja em casa ou no restaurante, precisam comer. Transporte e alimentação juntos têm peso de 43,8% no IPCA porque são as despesas mais importantes no orçamento das famílias.

A cada cinco anos o IBGE realiza uma pesquisa em todo o território brasileiro para atualizar os pesos dos produtos e serviços nos gastos de cada família. O último levantamento foi feito em 2011.


Dilma comemora, Mantega faz alerta

Após anúncio da queda do IPCA, a presidente Dilma Rousseff disse que a inflação está sob controle e que o governo está tranquilo em relação à desaceleração do índice nos próximos meses. Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ressaltou que o movimento de baixa é comum nesta época do ano e o indicador deve subir nos próximos meses.

– A dona de casa que vai no supermercado hoje percebe que a cesta básica reduziu. Isso foi medido em todo Brasil – disse Dilma.

Para Mantega, o IPCA perto de zero “significa que a inflação sempre esteve sob controle”.

– Já estou antecipando aqui antes que alguém diga: “ah, a inflação vai voltar”. Claro, a inflação tem uma sazonalidade e ela está tendo um comportamento normal agora no país – afirmou o ministro.



INFORME ECONÔMICO | MARIA ISABEL HAMMES

O ET e o dragão

Em uma entrevista dada ontem à imprensa da cidade mineira de Varginha, quando falou ter muito respeito pelo ET de Varginha por saber que, no município, quem não viu conhece alguém que viu, ou tem alguém na família que viu, a presidente Dilma aproveitou para comemorar o baixo índice da inflação de julho. O IPCA de 0,03% é uma resposta ao estardalhaço feito antes de que o governo tinha perdido o controle sobre a inflação, na sua opinião:

– A inflação está completamente sob controle, atingindo os valores mais baixos do período, um fenômeno que está se espalhando por todos os preços.

Mas a presidente não só está otimista com a tendência de inflação, como também com a recuperação da economia. Talvez ela esteja comemorando um pouco cedo demais. O próprio ministro Guido Mantega disse ontem esperar que a taxa suba nos próximos meses, algo típico do período. E há o reflexo da disparada do dólar que ainda não foi computado.

No mesmo rumo e cumprindo seu papel, que nem poderia ser diferente, Dilma fez referência a indicadores que já mostram recuperação da economia. Nesse caso, poucos por sinal, insuficientes para contrabalançar o cipoal de números negativos dos últimos meses. A confiança do governo também reside no fato de que haverá uma “concentração imensa de processos de concessão” para o setor privado neste semestre. Mesmo que a expectativa se confirme, não teremos tempo hábil para uma reversão completa dos resultados ruins. Isso só ocorreria se todos os projetos começassem imediatamente, com reflexos em seguida. E isso, sabemos, está longe de acontecer. Ainda mais no Brasil.

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