PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA TRIBUTÁRIA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art.150, § 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

PODER DE COMPRA


 ZERO HORA 11 de janeiro de 2013 | N° 17309

Gastos pessoais sobem e alimentam a inflação

JOANA COLUSSI

Pressionada por despesas pessoais e alimentos, inflação medida pelo IPCA sobe 5,84% em 2012, e fica acima do centro da meta do governo, de 4,5%, pelo terceiro ano seguido

Com a maior alta dentro da inflação no ano passado, as despesas pessoais desbancaram os gastos com alimentação na variação de preços e confirmaram o reforço no poder de compra dos brasileiros. Depois de pressionar o custo dos alimentos, a renda maior da população faz os serviços que vão desde gastos com empregados domésticos e hotéis até com manicures e cabelereiros aumentarem a pressão na inflação.

Em 2012, a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 5,84%, conforme dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os grupos de gastos pesquisados pelo IBGE, o de despesas pessoais registrou a maior variação, 10,17%, após fechar em 8,61% no ano anterior.

– Ao ganhar mais, o brasileiro passou a ter mais condições de demandar esses serviços que, consequentemente, tiveram alta de preço – diz Irene Maria Machado, gerente de pesquisa do IBGE.

Para manter o empregado doméstico, as famílias pagaram 12,73% mais em 2012. O item foi líder na relação dos principais impactos individuais. Conforme Irene, esses trabalhadores estão cada vez mais escassos, o que aumenta a remuneração.

Na relação de gastos pessoais, também tiveram forte alta os preços de hotéis, costureira, manicure e cabelereiro. Mesmo percebido, o aumento não diminuiu a procura. Muito pelo contrário.

– Notei que o preço subiu, mas não deixo de fazer a unha toda a semana. A questão não é apenas de vaidade, mas de manter uma boa aparência – afirma a bancária Helenara Pletz, 35 anos.

Controle na ponta do lápis

A psicóloga Marion Kravetz Schartz, 59 anos, também vai ao salão de beleza regularmente. Uma vez por semana para fazer unhas e pelo menos uma vez por mês para retocar a cor do cabelo:

– Posso deixar de comprar uma roupa mais cara, mas não deixo de fazer esses serviços. Dou muita prioridade para a minha aparência.

No salão de beleza que frequenta no bairro Moinhos de Vento, zona nobre da Capital, a movimentação diária de clientes aumentou em pelo menos 25% no último ano, relata o cabelereiro Matheus Tauber, proprietário do estabelecimento:

– Costumo dizer que no mercado da beleza não existe crise. As pessoas podem se privar de outras coisas, mas não de se sentir bem visualmente.

O grupo de alimentação e bebidas, que tem o maior peso na composição do IPCA e por meio do qual as famílias mais percebem o peso da inflação, também subiu no período: 9,86%.

O peso maior das despesas pessoais no bolso do consumidor, aliado à disposição cada vez menor de abrir mão desses serviços, pode tornar obrigatório o recálculo de gastos para evitar o estouro do orçamento.

– Uma boa dica é fazer um levantamento das despesas, das básicas às dispensáveis – orienta o educador financeiro Edward Cláudio Júnior.

Com os gastos de alimentação, moradia, vestuário, água e luz detalhados no papel, o consumidor pode saber o quanto poderá ser destinado a outras despesas – sem entrar no vermelho.

O educador financeiro reforça que pequenos ajustes podem fazer a diferença, especialmente na hora de gastar naquilo que realmente é importante. Conforme o Instituto Akatu, o brasileiro desperdiça em média 30% dos serviços que consome.

– Uma boa experiência é fazer uma análise dos serviços contratados, de televisão por assinatura a planos de celular, e verificar o que realmente está sendo usado. Pode parecer chato, mas é uma medida eficiente – conclui Cláudio Jr.

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