ZERO HORA 9 de fevereiro de 2015 | N° 18078
DOIS ANOS DE RETRAÇÃO. Mercado passa a prever recessão no país em 2015
AO MESMO TEMPO, Levy admite que o PIB brasileiro no ano passado pode ter fechado no negativo. O resultado vai ser divulgado em março
Pela primeira vez, o mercado financeiro passa a projetar recessão para o ano. A expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) encolha 0,42% puxado pelo desempenho negativo da indústria e pelo setor de serviços em desaceleração. Os dados são do boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central divulgada ontem.
No mesmo dia, em evento com um grupo de investidores e empresários em Nova York, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, admitiu ontem que o PIB em 2014 pode ter sido negativo. O número será conhecido em 27 de março, quando o IBGE divulga o resultado do quarto trimestre.
Na sua primeira visita oficial aos Estados Unidos, Levy disse que o “deslize fiscal” foi significativo no ano passado, mas reiterou que vai atingir a meta de superávit fiscal (poupança feita para o pagamento de juro) de 1,2% do PIB em 2015. Em 2014, houve déficit de 0,6%. Levy comentou que o ajuste em curso inclui “reformas estruturais significativas”.
No discurso, o ministro afirmou que 2015 será um ano de desafios, mas é otimista em relação a 2016, “um ano de crescimento, um outro ciclo”. Ele acrescentou que o pré-sal é mais produtivo do que se imaginava e que a Petrobras “vai superar atuais obstáculos”.
INFLAÇÃO E TAXA DE JURO EM ALTA
A expectativa ruim para a economia neste ano reforça um quadro já complexo de inflação elevada, juros em alta e dólar em escalada frente o real. O PIB de serviços, segundo o Focus, deve crescer 0,40% em 2015, taxa que, se confirmada, será a menor de sua história. E o da indústria deve amargar o segundo ano seguido de retração: a projeção é de queda de 0,55%. A pesquisa mostra que a agricultura deve apresentar o melhor desempenho, 1,8%.
– Esse quadro recessivo de 2015 é relacionado a todos os setores e não só a indústria. É um recuo generalizado. A surpresa de 2015 talvez seja um desempenho medíocre para o setor de serviços – ponderou Cristiano Oliveira, economista-chefe do banco Fibra.
Além de retração do PIB, é esperada inflação e juros maiores. O IPCA, índice referência para meta de inflação, deve ficar em 7,27% em 2015, ante estimativa anterior de 7,15%. No próximo ano, deve recuar para 5,60%, dentro da meta estipulada pelo governo, de 4,50%, com dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
O ciclo de alta do juro deve ser mais longo. Antes, esperava-se que o movimento seria interrompido em abril, quando chegaria a 12,75% ao ano. Agora, a expectativa é de que vá a 13%. Hoje, está em 12,25%.
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