PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA TRIBUTÁRIA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art.150, § 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

domingo, 12 de janeiro de 2014

INFLAÇÃO A GALOPE NO RS

ZERO HORA 11/01/2014 | 13h02

Alta no preço dos alimentos faz inflação subir a galopes no Rio Grande do Sul. Vilões identificados durante o ano, tomate, erva-mate e batata-inglesa puxaram a alta no grupo



No ano passado, o preço de alguns hortigranjeiros disparou nas feiras, nos supermercados e nos mercadinhos de esquinaFoto: Tadeu Vilani / Agencia RBS


Erik Farina


O galope de preços tem aberto buracos na renda dos gaúchos de forma mais impiedosa do que ocorre em outros Estados. Conforme a Fundação Getulio Vargas (FGV), a alta noRio Grande do Sul, tomando como parâmetro valores em Porto Alegre, foi 29% superior à média brasileira em 2013. Foram as despesas no comércio, com serviços e com alimentação que mais pesaram no bolso.

Comprar comida nos supermercados do Rio Grande do Sul, aliás, só não ficou mais caro do que em uma capital do Brasil, um dado curioso para um Estado com relevante produção agrícola. Vilões identificados durante o ano, tomate, erva-mate e batata-inglesa puxaram a alta no grupo alimentação, que tem peso de 25% no IPC-S, índice da FGV.

— O aquecimento da economia e a escassez de mão de obra levaram a um cenário de alta de preços: os gaúchos estavam com mais dinheiro no bolso em razão da safra recorde, e as empresas puderam repassar o aumento de outros custos, como a pressão por melhores salários — interpreta Alexandre Englert Barbosa, economista-chefe do Banco Sicredi.



Um olhar sobre o valor de frutas e legumes mostra que, em alguns casos, a inflação ocorreu no ponto de venda, e não na produção. No ano passado, o preço de alguns hortigranjeiros disparou nas feiras, nos supermercados e nos mercadinhos de esquina, mesmo que tivesse caído nas Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa), onde quem produz negocia com quem vai revender para os consumidores. Os casos do tomate e feijão são exemplos disso

— Muitas vezes, a alta se dá nos intermediários ou na ponta do consumo, e nem sempre reflete aumento no custo de produção — explica Márcio da Silva, coordenador do IPC-S em Porto Alegre.

Em algumas ocasiões, o descompasso de preços entre atacado e varejo termina em farpas. Na semana passada, o secretário-executivo do Fundo de Desenvolvimento da Erva-Mate no Estado (Fundomate), Valdir Zonin, reclamou publicamente que os supermercados não estariam repassando uma queda de preços na produção. Antônio Cesa Longo, presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), reagiu dizendo que o valor pedido por fornecedores, na realidade, subiu nos últimos três meses:

— Toda mudança de preço que o supermercado repassa é definida pelo fornecedor. Pode ocorrer de um ou outro comerciante elevar o valor de algum produto, mas não é a regra no setor.

Longo argumenta que, em razão da concorrência, não há espaço para o supermercadista especular — ou seja, aumentar o lucro de carona da expectativa de que os preços vão subir. As expectativas, por sinal, são um dos venenos da inflação, e podem estar favorecendo a alta de preços em Porto Alegre, conforme economistas. Quando o empresário acredita que seus custos irão subir, já antecipa o reajuste de preços para reforçar o caixa.

Seus empregados, assustados com o mês que sobra no fim do salário, pedem reajustes acima da inflação. A atual política econômica do governo também contribui para o quadro, diz Barbosa, do Sicredi. Desde que afrouxou a busca pelo centro da meta da inflação (4,5% ao ano), o Banco Central gerou dúvidas quanto ao controle de preços:

— A expectativa alimenta a inflação não apenas no Rio Grande do Sul, mas em todo o país. Não se sabe qual o ritmo da escalada. É diferente da Europa e dos Estados Unidos, por exemplo, onde há convicção de que os bancos centrais manterão o índice abaixo de 2%.

Confira dicas para para melhorar o orçamento

O primeiro passo é criar sua própria "cesta" de produtos e serviços: coloque no papel todos os seus gastos, divididos em grupos de consumo. Use a planilha que ZH ou procure um aplicativo gratuito que ofereça serviço semelhante.

O professor de economia da PUCRS Wilson Marchionatti dá a dica: quanto mais específica for essa cesta (descrever item por item na compra de supermercado ou quais serviços foram feitos no salão de beleza), mais eficiente será o controle. Também vale ter uma lista um pouco mais genérica, dividindo os gastos em grandes grupos: alimentação, habitação, vestuário, saúde, cuidados pessoais, educação, leitura e recreação, transportes, comunicação, despesas diversas e reserva financeira.

Acompanhe a variação de seus gastos a cada mês, procurando manter os padrões de consumo. Se fizer uma compra fora da rotina, como uma geladeira nova, ou fizer uma festa para os amigos, lance como despesa extra.

Na hora de ver quais preços mudaram, e quanto, uma dica do economista Marcelo Portugal: pequenas variações são comuns, portanto é importante fazer o controle em períodos mais longos: trimestres, semestres e ano.

Será mais fácil agora saber sua inflação

A família Durand descobriu rapidamente que o preço do leite estava disparando ou que o restaurante estava cobrando mais caro, e trocou hábitos e marcas. Com isso, conseguiu preservar a renda com pouco prejuízo ao padrão de vida.

Fazer um orçamento familiar não significa apenas economia de dinheiro. Trata-se, segundo economistas, de um processo de cidadania: dá melhores condições de acompanhar e cobrar do governo políticas econômicas mais eficientes e punir empresários que aumentam excessivamente os preços, trocando rapidamente de fornecedor.

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