Mário Santarosa, jornalista - ZERO HORA 03/04/2012
Todos os setores econômicos com alguma dificuldade estão pedindo e ganhando alguma facilidade ou proteção estatal. Menos o consumidor final, que é quem paga a conta das benesses mal explicadas. Também quero um programa compensatório para mim e todos os brasileiros que têm que pagar mais caro que um americano ou europeu por uma série de produtos do dia a dia, fora a diferença de qualidade. As “desamparadas” montadoras nacionais precisam ser protegidas, na versão oficial e lobista, com altas taxas de importação. Por que, então, ao mesmo tempo ganham vantagem para trazer modelos de veículos de suas fábricas no mundo e remetem lucros recordes às matrizes?
Querem, agora, me obrigar a só beber vinho nacional, colocando barreiras e novas taxas na importação do produto estrangeiro. Inclusive sobre os tipos e variedades que nunca conseguiremos produzir aqui por questões de solo e clima, na mesma qualidade e preço. Quem olha os investimentos e a prosperidade das nossas vinícolas fica em dúvida sobre os argumentos de que estão sendo ameaçadas. Mas tenho certeza quando meu gosto ou meu bolso estão sendo agredidos por bebida daqui ou de fora.
Automóveis e vinhos são dois exemplos mais recentes de que o cidadão comum merece um programa especial, quem sabe uma dessas MPs que o governo despeja a toda hora. E não adianta esperar pela concorrência do capitalismo à brasileira, pelo qual é mais fácil conseguir um benefício governamental do que conquistar o consumidor para obter lucro. O que a maioria dos setores que agora choram fez durante todo o tempo em que o Brasil foi uma das economias mais fechadas? Qual foi o esforço tecnológico na melhoria dos produtos, em retribuição ao que pagamos a mais por mercadorias inferiores? Não se cobrou, como não se exige agora, que o consumidor, a quem é entregue a fatura do benefício, seja compensado, mais adiante, através de preço ou qualidade. O cidadão, na realidade, funcionou como sócio capitalista da empresa, porque entrou com dinheiro, através de imposto, ou comprando mais caro. Se não for possível a participação acionária, há outra forma: penalize-se pesadamente quem fizer reajustes abusivos pela falta de concorrência externa e se refestela embaixo da saia governamental.
Apesar do apelo por proteção, resta pouca esperança, no momento, de sermos atendidos. Não deixemos, entretanto, de gritar por socorro. Se outros já ganharam benefícios, com argumentos duvidosos, por que não eu e tu, que temos certeza de estar sendo lesados?
COLUNA DO LEITOR ZERO HORA, 03/04/2012
Para os mesmos
Quem ganha mesmo com a redução de impostos para veículos, móveis, linha branca, chips, calçados, têxteis etc.? São os empresários do setor, que têm seus custos produtivos diminuídos, mas os preços de seus produtos na ponta do consumo seguem rigorosamente os mesmos. Daniel Zanetti de Almeida. Microempresário – Porto Alegre
A ganância do Estado brasileiro produz arrecadações recordes em impostos oriundas de taxas abusivas cobradas do trabalhador, gastas para manter a máquina pública mais cara do planeta e desperdiçadas em obras superfaturadas, salários extravagantes, farras, privilégios e assistencialismo sem contrapartidas, em detrimento de serviços, direitos e garantias devidas a todo o povo brasileiro.
PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA TRIBUTÁRIA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art.150, § 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.
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