PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA TRIBUTÁRIA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art.150, § 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

INFLAÇÃO - DRAGÃO ESTÁ VIVO

Inflação acumulada em 12 meses é a maior desde 2005. IPCA chega a 7,23% e aumenta desencontro de expectativas sobre preço e juro entre economistas - MARTA SFREDO, zero hora 07/09/2011

Embaralhou de vez o cenário econômico no Brasil com a divulgação, ontem, do índice de inflação oficial de agosto. Recheada pelos alimentos, a taxa de 0,37% levou a alta de preços acumulada em 12 meses para 7,23%, a maior desde junho de 2005.

Divulgada uma semana depois que o Banco Central cortou o juro básico de 12,5% para 12% ao ano, a alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acentuou uma curiosa divisão entre analistas econômicos. Agora, quem considerou a decisão correta aposta que o BC vai frear o desbaste da taxa básica. Quem avalia que a medida pôs em risco o controle da inflação aposta em novas reduções.

Um dos motivos do desencontro de expectativas é o contraste entre a situação interna do país, ainda aquecida por salários e emprego em alta, e a projeção de forte desaceleração na economia mundial. Assim, quem tem foco no Exterior não considera a inflação um problema. É o caso de Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC:

– A inflação não preocupa porque a economia vai desacelerar. Agora, é preciso observar que há vários ‘se’ nesse cenário. Os preços devem se moderar se a crise se agravar, se a economia fraca provocar menor demanda por alimentos. O BC fez uma aposta, diante da qual qualquer projeção é prematura, mas o mais provável é que mantenha a taxa por algum tempo.

Na avaliação de Freitas, a tendência é de dar uma parada nos cortes de juro porque já teria antecipado o efeito da crise mundial na economia brasileira. O ex-diretor do BC reforça que a nova onda de crise tem mudado orientações econômicas, lembrando a decisão tomada ontem pela Suíça de estipular um limite para a valorização de sua moeda, o franco suíço, um dos refúgios buscados por investidores.

– Na última decisão o BC olhou mais para a atividade do que para a meta de inflação – reforça.

Alinhado com os que consideram o corte de juro da semana passada um erro, Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings, garante que a alta de agosto era esperada. O que preocupa é a inflação futura:

– O problema é que a inflação no Brasil está se acomodando em patamares mais elevados. A desaceleração externa está no cenário, mas não uma recessão, o que deve ocorrer só em algumas economias desenvolvidas.

Nas projeções de Agostini, o BC deverá fazer mais dois cortes de 0,5 ponto percentual até o final do ano. E para dezembro de 2012, a estimativa é de uma taxa de 9%. E como o economista explica o fato de considerar equivocada a redução e projetar mais duas?

– Após a última decisão do BC, a previsibilidade está tão ruim como o ataque do XV de Piracicaba – brinca, referindo-se ao time que venceu a série A2 do futebol paulista este ano.

Agostini prevê que a inflação medida pelo IPCA feche em 6,6% em 2011. Isso obrigaria o presidente do BC, Alexandre Tombini, a escrever uma carta pública justificando o descumprimento do teto da meta (6,5%) e explicando o que será feito para evitar que isso ocorra de novo em 2012.

Um vilão manjado

Maior vilão da inflação acumulada em 2011, o chuchu reprisa um papel batido. De janeiro a agosto deste ano, subiu 70,84%. A carreira do vegetal como inimigo do bolso começou ainda em 1977, quando Mario Henrique Simonsen (foto) era ministro da Fazenda. Na época, gastou saliva para explicar o peso desproporcional do item no índice que media a inflação. O resultado foi o expurgo do chuchu. O argumento técnico era a “elasticidade do consumo”. Quem faz compras sabe a tradução: se o chuchu sobe, as famílias trocam o ingrediente da salada.

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