ZH 30 de outubro de 2014 | N° 17968
ECONOMIA
Copom surpreende e sobe juro para 11,25%
Decisão do BC indica que segundo mandato de Dilma pode ter controle mais rígido da inflaçãoNa primeira reunião após as eleições, o Banco Central (BC) surpreendeu o mercado financeiro e o setor produtivo ao elevar ontem à noite a taxa básica de juro, de 11% ao ano para 11,25%. Especialistas avaliam que a medida pode simbolizar o começo do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, que reforçou, em entrevistas depois do pleito, o compromisso de combate à inflação. O juro está no maior nível desde novembro de 2011, quando chegou a 11,5% ao ano.
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) não foi unânime: foram cinco votos pelo aumento e três pela manutenção. Desde a sua última reunião, “a intensificação dos ajustes de preços relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável”, justificaram os integrantes da diretoria do BC, por meio de nota.
– O BC antecipou o que ia fazer em dezembro. É uma decisão correta, porque, se deixasse para mais tarde, possivelmente teria de elevar mais a taxa de juro. O segundo mandato começou com um sinal de que o governo quer trazer a inflação mais rapidamente para o centro da meta, sem prejudicar muito o emprego – observou Carlos Thadeu de Freitas, ex- diretor do BC.
Na avaliação do analista, o Banco Central se antecipa a uma possível pressão inflacionária – há previsão de reajuste de gasolina e nas contas de luz – e também a uma futura elevação da taxa de juro nos Estados Unidos, que foi “lida” nas entrelinhas do comunicado mais otimista do Federal Reserve (Fed), o BC dos EUA. O Fed anunciou ontem o fim do programa de estímulo à economia.
O ex-presidente do BC e sócio da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola, avaliou que a alta na Selic é um sinal de que o órgão busca “recuperar a credibilidade da política monetária após o embate eleitoral”, num sinal ao mercado de maior rigor no combate à alta dos preços. Para Loyola, outro fator determinante para o aumento foi a inflação ainda resistente e acima do teto da meta de 6,5% ao ano determinada pelo governo.
A taxa básica de juro, a Selic, é considerada a principal ferramenta do BC para controlar a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional é de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos percentuais, podendo variar de 2,5% a 6,5%. O IPCA acumulado em 12 meses até setembro estava em 6,75%, acima do teto da meta. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, o IPCA deverá desacelerar nos próximos meses e encerrar 2014 em 6,45%.
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