PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA TRIBUTÁRIA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art.150, § 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

CEIAS MAIS CARAS



ZH 28 de outubro de 2014 | N° 17966

ERIK FARINA


Voo alto das aves de final de ano

ASSOCIAÇÃO DE SUPERMERCADISTAS GAÚCHOS prevê alta de 19,1% no preço do peru e do chester em comparação ao ano passado. Entidade aponta mudança em cálculo tributário para justificar aumento muito superior ao previsto para a inflação


O voo do peru pode até ser baixo, mas o preço irá às alturas neste final de ano. A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) prevê reajuste de 19,1% no preço das aves de Natal e Ano-Novo neste ano – o consumidor também terá de encher o peito para encarar a alta do chester. Além dos efeitos esperados da inflação sobre a produção, a razão apontada pela entidade é uma mudança no cálculo tributário implementada pelo governo do Estado no início deste ano, que passou a cobrar imposto sobre uma fatia de lucro maior.

É a chamada Margem de Valor Agregado (MVA), que estima um percentual de lucro sobre a qual incidirá o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Segundo o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo, o MVA de aves natalinas passou de 40% para 60%.

– É um exagero. A margem dos supermercados não passa de 20% – garante.

Ou seja, quem pagava R$ 12 o quilo do chester ou do peru no ano passado, neste ano poderá desembolsar quase R$ 14,50 pelo alimento. A alta é quase três vezes acima da inflação oficial (IPCA) prevista por agentes financeiros para este ano (6,45%).

Bombons também entram no grupo. De acordo com Longo, as guloseimas tiveram elevadas suas MVA a 53%. A reportagem solicitou posicionamento da Secretaria Estadual da Fazenda, mas não obteve retorno.

– Tem alguns alimentos da ceia que são difíceis de substituir, até porque é um impacto eventual no orçamento. Mas o consumidor pode compensar planejando a compra de presentes ou itens para a casa – explica o consultor financeiro Jackson Busato.

Ele recomenda que presentes ou eletrodomésticos sejam comprados após o final do ano, aproveitando o período de promoções. No que for possível, vale antecipar o estoque de alimentos e bebidas, que tendem a ficar mais caros conforme se aproximam o Natal e o Ano-Novo. Apesar do voo do peru e do chester, a média de alta de preço dos itens da ceia ficará abaixo da inflação neste ano, mostra a Agas: 5,5%.

Conforme pesquisa divulgada ontem pela associação, um quinto do valor que irá circular no 13º salário será gasto em supermercados, o que deve elevar as vendas em 6,6% neste final de ano em relação ao mesmo período do ano passado. O gasto médio projetado em supermercados para as festas é de R$ 514.

PRESENTES MAIS BARATOS EM 2014

O maior endividamento dos consumidores resultará na procura por presentes de menor valor, analisa Longo. O preço médio por presente será de R$ 15. No entanto, os gaúchos estão dispostos a presentear mais pessoas nas festas de 2014: cada entrevistado vai dar um agrado, em média, a seis pessoas – enquanto em 2013 a média era de quatro contemplados com presentes para cada consumidor.

Com relação aos meios de pagamento, os gaúchos estão preferindo pagar à vista: mais da metade dos consumidores apontaram que efetuarão suas compras com dinheiro ou cartão de débito. O pagamento com cheque é um comportamento ultrapassado – menos de 1% dos entrevistados vão pagar desta forma.

Longo negou que os supermercados estejam prevendo uma disparada nos preços até o final deste ano, em razão de um possível reajuste nos preços da gasolina e da correção na conta da energia elétrica.

– Não há espaço para os preços subirem muito. O consumidor tem muitas opções de produtos – diz Longo.




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