PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA TRIBUTÁRIA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art.150, § 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

SOLUÇO DE DESCONFIANÇA

OPINIÃO DA RBS - EDITORIAL ZERO HORA 29/02/2012

É intrigante e desafiador o estudo feito pela agência de relações públicas Edelman Trust Barometer com 25 países, sobre a confiança dos cidadãos na economia. Além de mostrar uma queda global nas expectativas das pessoas em relação a governos, empresas e ONGs, a pesquisa registra uma inesperada desconfiança dos brasileiros sobre o futuro imediato do país. O Brasil caiu do primeiro lugar em 2011 para a 12ª posição.

O aumento do ceticismo em relação à economia mundial é perfeitamente compreensível, considerando-se a crise econômica que atinge vários países, com epicentro na Europa. Diante do fracasso do Estado de bem-estar social, que provocou recessão e desemprego nas principais economias europeias, é absolutamente normal que os habitantes destes países lancem a culpa nas instituições. Assim, o levantamento com 5,6 mil entrevistados, num universo de pessoas entre 25 e 64 anos, com curso superior, portanto bem informadas, revela queda de confiança nos governos, nas empresas, nas organizações não governamentais e na mídia – esta com a menor queda em relação ao ano anterior.

No Brasil, foram ouvidas 500 pessoas e a mostra aponta queda de confiança em todas as instituições aferidas: governo, queda de 53 pontos percentuais; ONGs, queda de 31 pontos; empresas, queda de 18 pontos; e mídia, queda de 12 pontos. Os números acendem um alerta que merece a atenção de todos os setores envolvidos e suscitam alguns questionamentos: Por que os brasileiros passaram a acreditar menos no país? O que mudou em relação ao ano passado, o primeiro da administração Dilma Rousseff? Será que a pesquisa reflete fielmente a realidade?

Só no final do ano, todas as perguntas poderão ser respondidas. Mas alguns fatores conhecidos certamente contribuíram para aumentar a descrença dos brasileiros na economia, a começar pelo aumento das despesas administrativas do governo federal, conjugado com a queda de investimentos. Esta tendência preocupante atinge até mesmo a maior empresa do país, a Petrobras, que recentemente passou por mudanças no seu comando. Num país em que o Estado continua sendo um dos principais indutores da economia, qualquer retração de investimentos se reflete nos demais setores. Os cortes orçamentários anunciados recentemente, que atingiram até mesmo áreas sociais, assustam investidores e empresários, que temem também os efeitos do ano eleitoral.

A carga tributária elevada e o despreparo tecnológico também aparecem como obstáculos para o crescimento econômico, mas o soluço de descrença poderá ser superado se houver uma reversão da crise internacional (como parece indicar a tênue recuperação da economia norte-americana) e se o governo der sinais claros de que resistirá às pressões do ano eleitoral e equilibrará suas contas.

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