PF faz operação no Maranhão e investiga desvio de R$ 4 milhões de verba para construção de casas em assentamentos - O GLOBO, 25/02/2011 às 11h39m. IMIrante
SÃO PAULO - A Polícia Federal realiza nesta sexta-feira uma operação na sede e em escritórios do Incra no Maranhão, onde cumpre 39 mandados de busca e apreensão em investigação destinada a coibir o desvio de dinheiro liberado pelo Incra para construção de casas em assentamentos, por meio do Programa Nacional de Reforma Agrária. Foram vistoriados 25 assentamentos e o desvio chega a R$ 4 milhões.
O alvo da operação são casas de funcionários do Incra e a sede do órgão em São Luís, São José de Ribamar, Turiaçu, Pindaré-Mirim, Santa Luzia e Buriticupu.
De acordo com a investigação, que durou cinco anos, 535 casas estão inacabadas, não foram erguidas ou foram feitas com taipa, a custos muito inferiores aos declarados. Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal do Maranhão e a investigação foi conduzida pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria Geral da União (CGU).
Os mandados são cumpridos em São Luís, São José de Ribamar, Turiaçu, Pindaré-Mirim, Santa Luzia e Buriticupu. O alvo são servidores públicos, empreiteiros e lobistas. A operação teria vazado e muitos dos investigados teriam conseguido habeas corpus na Justiça, evitando a ação da PF.
Cerca de 55 pessoas participariam do esquema, entre elas servidores e ex-servidores do Incra, do Instituto de Colonização e Terra do Maranhão (Iterma), um policial civil (atualmente delegado Agrário). Eles são investigados pelos crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e concussão.
De 2005 a 2010, o Incra disponibilizou quase R$ 500 milhões para o Maranhão em contratos que previam a construção e reforma de casas em assentamentos rurais.
Um líder comunitário do assentamento Flechal, na cidade de Santa Luzia, chegou a ser morto ano passado porque procurou a polícia para denunciar que as casas não vinham sendo construídas. Na época, ele estava sendo obrigado por empreiteiros e técnicos do Incra a assinar notas fiscais atestando que as casas estavam prontas.
A operação da PF foi denominada de Operação Donatário, em referência ao título que, na organização colonial portuguesa, era dado à pessoa a quem era concedida a donataria de um território ou capitania, o qual, agindo por delegação do rei, administrava-o, buscando sua colonização e o aproveitamento dos seus recursos.
A ganância do Estado brasileiro produz arrecadações recordes em impostos oriundas de taxas abusivas cobradas do trabalhador, gastas para manter a máquina pública mais cara do planeta e desperdiçadas em obras superfaturadas, salários extravagantes, farras, privilégios e assistencialismo sem contrapartidas, em detrimento de serviços, direitos e garantias devidas a todo o povo brasileiro.
PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA TRIBUTÁRIA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL - Art.150, § 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.
sábado, 26 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
TCU - MULHER DO PRESIDENTE GANHA CARGO NO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES
Mulher de presidente do TCU ganha cargo no PR, que comanda Transportes. Lenir Zymler foi nomeada assistente parlamentar 2, no Senado, pelo partido do ministro Alfredo Nascimento, cuja pasta é alvo de fiscalizações constantes do tribunal; DNIT, vinculado ao ministério, é recordista em número de obras com irregularidades graves - 22 de fevereiro de 2011 - Marta Salomon, de O Estado de S. Paulo - colaborou Mariângela Gallucci.
Maria Lenir Ávila Zymler, mulher do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Benjamin Zymler, foi nomeada assessora do PR no Senado, partido de Alfredo Nascimento, ministro dos Transportes - o órgão com o maior número de obras com irregularidades graves apontadas pelo TCU.
A nomeação foi para o cargo de assistente parlamentar 2, informa a edição de segunda-feira do Diário Oficial da União. O posto tem salário bruto mensal de R$ 8.168 e rende líquidos R$ 6.959, já considerado o pagamento do auxílio-alimentação. Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) consultados pelo Estado classificaram a nomeação da mulher do presidente do TCU para um cargo no Congresso de nepotismo.
Nesta terça-feira, 22, ao ser procurado pelo Estado, Zymler telefonou para a mulher. Os dois combinaram que ela não tomaria posse. A liderança do PR no Senado, onde Lenir deveria assumir o cargo, não havia sido informada no fim da tarde da desistência.
Zymler informou que a mulher pediria a anulação do ato que a nomeou. Num primeiro momento, disse que não se manifestaria sobre suposto conflito de interesses. Mais tarde, informou que a desistência do cargo ocorreria apesar de não haver, segundo análise do TCU, nenhum obstáculo do ponto de vista legal à nomeação.
Nepotismo. De acordo com interpretação do STF, publicada na Súmula Vinculante n.º13, é proibida a nomeação de cônjuge e parentes até o terceiro grau de autoridade para cargo de confiança na administração pública em qualquer um dos Poderes. O TCU é um braço do Congresso para o exercício do controle externo. Sua principal função é fiscalizar os atos do Executivo.
O mais recente relatório do Sistema de Fiscalização de Obras Públicas do TCU (Fiscobras) aponta o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), vinculado ao Ministério dos Transportes, como o recordista em número de obras com irregularidades graves. O Fiscobras de 2010 mandou parar 9 das 66 obras avaliadas na área dos Transportes.
"É também a unidade orçamentária que possui o maior número de empreendimentos com pendências de irregularidades graves advindas do ano anterior", informa o texto.
O relatório do Fiscobras, assinado por Zymler pouco antes de ele assumir a presidência do TCU, destaca que, apesar do grande número de irregularidades, o DNIT vinha melhorando, nos últimos três anos, proporcionalmente ao número de obras fiscalizadas.
O Ministério dos Transportes é comandado pelo presidente licenciado do PR, Alfredo Nascimento, que é também senador licenciado do partido. A nomeação de Lenir foi para o gabinete da liderança do PR no Senado. Ontem, Nascimento recusou-se a falar sobre a nomeação ou sobre suposto conflito de interesses.
Recordes. O Ministério dos Transportes é recordista em investimentos na Esplanada. Com R$ 17,1 bilhões de gastos autorizados no Orçamento de 2010, ganha disparado dos ministérios seguintes no ranking dos que mais investem: Educação (R$ 8,6 bilhões), Cidades (R$ 7,6 bilhões) e Defesa (R$ 6,9 bilhões). Esses valores constam da Lei Orçamentária e podem ser alterados pelos cortes em estudo pelo governo.
Lula. O poder do TCU de paralisar obras consideradas irregulares incomodou o governo Lula. A cada ano, o tribunal encaminha ao Congresso uma lista com obras que não devem receber dinheiro público. Também pode mandar suspender um negócio por meio de medidas cautelares.
Zymler tomou posse na presidência do TCU em dezembro. A solenidade contou com a presença da presidente Dilma Rousseff. Zymler virou ministro substituto do tribunal durante o governo Fernando Henrique Cardoso, onde entrou por meio de concurso público. Não faz parte das cotas dos políticos no tribunal.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
A INCONSISTÊNCIA DA POLÍTICA FISCAL NACIONAL
Quando falamos de Reforma Tributária ou simplesmente reclamamos do excesso de tributos e encargos sociais existentes no Brasil, parece que todos os interlocutores, empresários e investidores estão reclamando sem ter razão. Afinal de contas, a "estória" (conto, ficção ou mentira) repetida pelo governo é que os empresários nunca ganharam tanto dinheiro e que é impossível reduzir ou simplificar impostos sem retirar receitas da União e dos Estados.
Ocorre que a "história" verdadeira é outra, até porque, o objetivo maior de uma reforma tributária é simplificar um sistema tributário ultrapassado, consolidado por mais de 80 tributos que, absurdamente, estão “organizados” em milhares de Leis, Decretos e Portarias Federais, Estaduais e Municipais. Trata-se da maior e a mais onerosa forma anárquica de governar e arrecadar tributos.
Exemplo recente que comprova esta falta de inteligência fiscal é o programa REFIS DA CRISE. O parcelamento das dívidas fiscais e previdenciárias, assim denominado, foi construído como uma resposta a crise mundial. Contudo, citada moratória, repetiu fórmula já utilizada em parcelamentos anteriores, REFIS I, REFIS II e PAEX, definindo uma prática política que iniciou no início da década de 90, onde, sempre antes de uma eleição presidencial, finge-se premiar os empresários com um parcelamento milagroso, que a todos salvará.
Este tipo de populismo às avessas, não soluciona anos de desrespeito aos contribuintes, permanentemente vitimados por um sistema tributário que mais se preocupa em criminalizar a atividade produtiva do que incentivar o crescimento econômico e a geração de empregos.
E este é o caso do REFIS DA CRISE, prova concreta desta política desastrosa! Com a justificativa de buscar a cobrança de impostos e contribuições vencidas e não pagas pelos contribuintes, o Governo Federal, no início da campanha eleitoral para a presidência, no dia 29.05.2009, promulgou a lei 11.941/09, contendo 79 artigos e um total aproximado de 400 itens, entre incisos, parágrafos e alíneas.
Citada lei é de tal complexidade que só pode ser parcialmente entendida quando o contribuinte dispor de assistência de uma empresa de auditoria, meia dúzia de contadores e ainda uma equipe de advogados. Uma das razões desta incompreensão é a quantidade enorme de ilegalidades dentro do parcelamento. Tanto assim, que seguindo a regra da irracionalidade, só para tornar viável a moratória, foi necessário promulgar mais uma dezena de Portarias e decretos, cada qual com dezenas de artigos, parágrafos e quase uma centena de incisos e alíneas. Entre elas vale destacar as Portarias Conjuntas da PGFN/RFB de nºs. 03, 6,10, 11, 13 e 15, todas publicadas em datas e com textos diferentes.
E a farra legal não para. No dia 03 de fevereiro de 2011, o Governo Federal, por meio da Procuradoria Geral Fazenda Nacional e da Secretaria da Receita Federal, premiou os contribuintes com mais uma Portaria: desta vez a de nº 02/2011. O curioso é que mais uma vez o objetivo do Governo foi o de regulamentar o parcelamento instituído em 2009, cujo prazo de adesão já encerrou há quase dois anos.
Por esta razão, é de extrema importância que todos os deputados, senadores, governadores, empresários brasileiros e estrangeiros, leiam e apóiem a aprovação do Projeto de Lei Complementar que está em trâmite no Congresso Nacional, que visa criar o Código dos Direitos dos Contribuintes. Trata-se de uma lei que prevê a organização da legislação tributária, antes mesmo de implementar qualquer reforma mais drástica, ou igualmente ineficaz como as tentativas anteriores.
Esta forma de organizar os direitos dos contribuintes a partir de um Estatuto maior, tal qual já ocorre com sucesso comprovado, no caso do Código do Consumidor, quanto as leis, direitos e obrigações dos consumidores. Esta é uma experiência que já deu certo e é existente há décadas em países como Espanha, Itália, EUA e México.
Nesses, já existe o Código dos Direitos dos Contribuintes ao lado do Código dos Direitos dos Consumidores. Este tipo de iniciativa trouxe luz, ética e inteligência às relações tributárias construídas entre o Estado (criatura) e o cidadão/contribuinte (criador). Afinal o Estado existe para servir o contribuinte e não para escravizá-lo por meio de práticas políticas e legais totalmente irracionais, quando não simplesmente inconstitucionais, como acontece em relação a diversos artigos e portarias relativas ao REFIS DA CRISE.
Édison Freitas de Siqueira, Presidente do Instituto de Estudos dos Direitos dos Contribuintes - www.edisonsiqueira.com.br. artigos_efs@edisonsiqueira.com.br - Material indicado pelo Cel Mamedes.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
PARAÍSO FISCAL - BRASILEIROS CONTAM COM UMA FORTUNA DEPOSITADA NOS BANCOS SUIÇOS.
Corrida por paraísos fiscais ganha ritmo sem precedentes; valor na Suíça varia entre US$ 6 bi e US$ 60 bi - 19 de fevereiro de 2011 | 16h 50 - Jamil Chade, de O Estado de S. Paulo
GENEBRA - Brasileiros contam com uma fortuna depositada nos bancos suíços e, apesar de toda a operação conduzida pela Polícia Federal contra doleiros e bancos estrangeiros, a corrida por paraísos fiscais ganha um ritmo sem precedentes. Dados do Banco Central da Suíça, obtidos pelo ‘Estado’, revelam que os brasileiros mantêm ao menos US$ 6 bilhões em Genebra, Zurique e outras praças financeiras da Suíça.
Esse seria o valor oficial de contas declaradas, mas os bancos privados suíços consideram que o valor real pode ser dez vezes maior. Ex-funcionários de bancos na Suíça e agentes que trabalham na abertura de contas alertam que esse valor oficial é "a ponta do iceberg".
O volume de dinheiro de brasileiros na Suíça vem crescendo. Entre 2005 e 2009, o BC suíço aponta a entrada de mais US$ 1,1 bilhão do Brasil. Segundo dados oficiais, nenhum outro país emergente registrou tal avanço e a expansão é a maior registrada de dinheiro vindo do Brasil.
O total da fortuna mantida por brasileiros na Suíça já é superior aos de China, Índia e Arábia Saudita. A Suíça estima que tem, em seus cofres, US$ 3 trilhões em fortunas pessoais. O valor seria quase metade da fortuna privada do planeta.
Os 85 bancos suíços que fazem parte do cálculo indicam em seus balanços que os brasileiros teriam 4,9 bilhões de francos suíços (um franco vale um dólar) em contas de poupança, ativos, ações, títulos e contas correntes.
Além desse valor, 1,1 bilhão de francos suíços provenientes do Brasil estão listados como "operações fiduciárias". Nessa classificação, o banco não tem obrigação de apresentar os números em seus balanços e todo o risco fica por conta do banco privado (o BC suíço não dá garantias em caso de quebra do banco privado). Na maioria dos casos, é nessa classificação que recursos considerados ‘sensíveis’ ou de personalidades políticas estrangeiras são depositados.
Assim como a existência de "operações fiduciárias", os bancos suíços contam com uma série de outros instrumentos para tornar menos transparente a origem de recursos. Nos US$ 6 bilhões indicados na Suíça como sendo de brasileiros está exclusivamente o dinheiro que saiu do Brasil em direção aos bancos de Genebra e Zurique.
Se uma fortuna é transferida do Brasil para as Ilhas Cayman e só depois para a Suíça, ela não é contabilizada como fluxo que veio do Brasil, e sim da ilha caribenha. Não é por acaso que bancos suíços mantêm filiais nesses outros paraísos fiscais.
Portanto, o volume registrado pelo BC suíço de US$ 6 bilhões oriundos do Brasil poderia ser apenas uma fatia do todo, segundo fontes do setor bancário.
Políticos
Outro método adotado é a manipulação do cargo da pessoa que queira abrir a conta, garantindo que a autorização para o depósito seja dada sem problemas. Um ex-colaborador de um banco suíço com forte presença no Brasil revelou ao Estado, sob anonimato, que essa foi a forma usada para abrir uma conta em nome de um ex-governador de um grande Estado.
No formulário para abertura de contas, o banco exige que o cliente considerado como "sensível" por seu cargo político preencha um formulário e é logo classificado como "Pessoa Politicamente Exposta".
A lei exige que se demonstre que os recursos têm origem em outra atividade que não a política. No caso do ex-governador, o banco e o político entraram em acordo para que fosse apresentado como presidente de uma empresa de reflorestamento, sem mencionar sua posição pública.
GENEBRA - Brasileiros contam com uma fortuna depositada nos bancos suíços e, apesar de toda a operação conduzida pela Polícia Federal contra doleiros e bancos estrangeiros, a corrida por paraísos fiscais ganha um ritmo sem precedentes. Dados do Banco Central da Suíça, obtidos pelo ‘Estado’, revelam que os brasileiros mantêm ao menos US$ 6 bilhões em Genebra, Zurique e outras praças financeiras da Suíça.
Esse seria o valor oficial de contas declaradas, mas os bancos privados suíços consideram que o valor real pode ser dez vezes maior. Ex-funcionários de bancos na Suíça e agentes que trabalham na abertura de contas alertam que esse valor oficial é "a ponta do iceberg".
O volume de dinheiro de brasileiros na Suíça vem crescendo. Entre 2005 e 2009, o BC suíço aponta a entrada de mais US$ 1,1 bilhão do Brasil. Segundo dados oficiais, nenhum outro país emergente registrou tal avanço e a expansão é a maior registrada de dinheiro vindo do Brasil.
O total da fortuna mantida por brasileiros na Suíça já é superior aos de China, Índia e Arábia Saudita. A Suíça estima que tem, em seus cofres, US$ 3 trilhões em fortunas pessoais. O valor seria quase metade da fortuna privada do planeta.
Os 85 bancos suíços que fazem parte do cálculo indicam em seus balanços que os brasileiros teriam 4,9 bilhões de francos suíços (um franco vale um dólar) em contas de poupança, ativos, ações, títulos e contas correntes.
Além desse valor, 1,1 bilhão de francos suíços provenientes do Brasil estão listados como "operações fiduciárias". Nessa classificação, o banco não tem obrigação de apresentar os números em seus balanços e todo o risco fica por conta do banco privado (o BC suíço não dá garantias em caso de quebra do banco privado). Na maioria dos casos, é nessa classificação que recursos considerados ‘sensíveis’ ou de personalidades políticas estrangeiras são depositados.
Assim como a existência de "operações fiduciárias", os bancos suíços contam com uma série de outros instrumentos para tornar menos transparente a origem de recursos. Nos US$ 6 bilhões indicados na Suíça como sendo de brasileiros está exclusivamente o dinheiro que saiu do Brasil em direção aos bancos de Genebra e Zurique.
Se uma fortuna é transferida do Brasil para as Ilhas Cayman e só depois para a Suíça, ela não é contabilizada como fluxo que veio do Brasil, e sim da ilha caribenha. Não é por acaso que bancos suíços mantêm filiais nesses outros paraísos fiscais.
Portanto, o volume registrado pelo BC suíço de US$ 6 bilhões oriundos do Brasil poderia ser apenas uma fatia do todo, segundo fontes do setor bancário.
Políticos
Outro método adotado é a manipulação do cargo da pessoa que queira abrir a conta, garantindo que a autorização para o depósito seja dada sem problemas. Um ex-colaborador de um banco suíço com forte presença no Brasil revelou ao Estado, sob anonimato, que essa foi a forma usada para abrir uma conta em nome de um ex-governador de um grande Estado.
No formulário para abertura de contas, o banco exige que o cliente considerado como "sensível" por seu cargo político preencha um formulário e é logo classificado como "Pessoa Politicamente Exposta".
A lei exige que se demonstre que os recursos têm origem em outra atividade que não a política. No caso do ex-governador, o banco e o político entraram em acordo para que fosse apresentado como presidente de uma empresa de reflorestamento, sem mencionar sua posição pública.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
CORRUPÇÃO PARALISA OBRAS DA INFRAERO
Corrupção é o principal fator para o atraso nas obras da Infraero - Sílvio Ribas, Vânia Cristino, Victor Martins- Correio Braziliense, 16/02/2011
Vários projetos de expansão e modernização de aeroportos, incluindo o de Brasília, estão sob investigação do Tribunal de Contas da União por suspeitas de fraudes.
A corrupção é hoje o principal fator para a paralisia da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), a estatal encarregada de administrar os aeroportos do país. Temendo serem envolvidos em alguma irregularidade, os funcionários concursados da companhia se recusam a assinar documentos referentes a licitações e a desembolsos de recursos. Com isso, obras para a ampliação e a recuperação dos terminais aéreos, muitos operando no limite da capacidade, estão atrasadas.
“Aqui, o medo é de ter o nome citado em processos abertos pelo TCU (Tribunal de Contas da União) ou pela Justiça e ser citado na imprensa. Como proteção, muitos recorrem à burocracia para emperrar o que for possível”, disse um técnico da estatal. Segundo ele, várias pessoas podem se assustar com essa realidade. “Mas é uma forma legítima de proteção, dado o histórico da empresa, envolvida em denúncias de desvios de recursos públicos e de superfaturamento”, acrescentou.
O tamanho desse medo pode ser medido pelo desempenho da Infraero no ano passado. Do R$ 1 bilhão que a estatal planejou investir, só R$ 645 milhões foram aplicados, conforme a organização não governamental Contas Abertas. Só 1% dos valores disponíveis para contratos em aeroportos das 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 foi gasto.
“Trata-se de um quadro desalentador”, ressaltou outro funcionário da empresa. Ele lembrou que, recentemente, o Tribunal de Contas da União (TCU) pediu a suspensão da concorrência para a reforma do Aeroporto de Confins, em Minas Gerais, por identificar graves irregularidades. Também estão sob investigação as obras nos aeroportos de Brasília, de Goiânia e de Vitória.
Quem conhece o dia a dia da Infraero garante que, não bastasse a necessidade de se fazer “uma limpa” na empresa — de 600 cargos comissionados existentes até bem pouco tempo para acomodar indicações políticas só sobraram 12 —, dificilmente o governo Dilma Rousseff conseguirá dar andamento à proposta de abertura de capital da companhia. Aos olhos dos investidores, a Infraero de hoje não é atrativa, pois não tem patrimônio: os 67 terminais aeroportuários que administra são exclusivos da União. Além disso, a estatal não detém sequer um contrato de concessão, por meio do qual teria segurança jurídica de contar com o fluxo de caixa por tempo determinado.
Segundo analistas, uma solução para reverter tal situação seria a Infraero incorporar toda a infraestrutura que gerencia — atualmente é dona apenas de sua sede, em Brasília. “Ainda que essa transferência ocorra, o processo será lento, atrasando mais as obras necessárias nos aeroportos para a Copa e as Olimpíadas de 2016”, disse um integrante do governo. No seu entender, o melhor caminho para tentar reverter o caos que atormenta os viajantes será a transferência da concessão dos principais aeroportos à iniciativa privada. “Talvez, com a moralização da gestão da Infraero, essa seja a principal tarefa de seu futuro presidente, Gustavo Matos do Vale (hoje diretor do Banco Central)”, ressaltou.
Para Sérgio Gaudenzi, ex-presidente da Infraero (2008), o governo deveria copiar na Infraero o modelo da Petrobras, com predomínio societário da União, mas participação de acionistas privados e ações negociadas em bolsa. “Há condições legais para se criar essa estatal de economia mista”, disse. A seu ver, o modelo proposto traria mais transparência à gestão da estatal, ao passar a ser fiscalizada por governo, acionistas e auditores independentes e pelo mercado financeiro. “É fundamental avançar na profissionalização da empresa e distanciar o risco de rateio político de cargos executivos, que quase sempre leva a pessoas que desconhecem o setor”, frisou.
Opção pelo silêncio
Os entraves legais para a abertura de capital da Infraero são confirmados por estudo da consultoria McKinsey encomendado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A consultoria sugere como alternativa a concessão isolada ou em blocos de aeroportos e a criação da Infraero S.A., com potencial seguro de receita para os próximos anos. Apenas 15 da rede de aeroportos federais são considerados lucrativos. Os demais requerem respaldo da União. O BNDES alertou, porém, que a abertura de capital poderá levar até dois anos, se consideradas as etapas necessárias para adequar a empresa às práticas de governança.
Procurada pelo Correio, a Infraero avisou que questões relacionadas à mudança na sua gestão só podem ser respondidas pelo Ministério da Defesa, ao qual está submetida. A Defesa, por sua vez, informou que apenas o titular da pasta, ministro Nelson Jobim, está autorizado a fazer comentários sobre o tema, e ele não quis falar. No que depender da presidente Dilma, entretanto, o começo da reestruturação do setor aéreo deverá ser anunciado nas próximas semanas, quando Gustavo do Vale assumir a presidência da Infraero.
Também está sendo esperada a edição de Medida Provisória (MP) que criará a Secretaria de Aviação Civil (SAC), com status de ministério, a ser comandada por Rossano Maranhão, presidente do Banco Safra. A ideia é que a estatal e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) fiquem subordinadas ao novo órgão. Alex Fabiano Costa, diretor da Associação Nacional dos Empregados da Infraero (Anei), torce para a transformação da estatal numa “Petrobras dos Aeroportos”. Para ele, essa seria a chance de se valorizar os 13 mil funcionários concursados. Enquanto não se define os rumos, Costa pede “mais transparência e estabilidade” no comando da empresa. Em uma década, foram seis presidentes até o atual, Murilo Marques Barboza.
Perfil
Nome: Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
Tipo: Empresa pública de direito privado
Presidente: Murilo Marques Barboza
Ano de criação: 1972
Jurisdição: Ministério da Defesa
Total de aeroportos de sua rede: 67
Tráfego abrangido:97% do regular
Passageiros por ano: 113 milhões
Funcionários próprios: 13 mil
Funcionários terceirizados: 15 mil
domingo, 13 de fevereiro de 2011
COPA: PREPARATIVOS ABAGUNÇADOS
OPINIÃO. O Estado de S.Paulo, 13/02/2011
Orçamentos estourados, obras atrasadas, falhas graves nos projetos, risco de prática de sobrepreço e falta de clareza nos documentos e atos oficiais são algumas das irregularidades detectadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nas ações para a Copa do Mundo de 2014. No primeiro relatório consolidado sobre os preparativos para a Copa, assinado pelo ministro Valmir Campelo, o TCU adverte que os problemas já identificados criam condições para que se repita o que ocorreu com as obras dos Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro, cujo custo foi 300% maior do que o previsto.
No início de 2010, o governo federal assinou com os governos estaduais e as prefeituras das cidades que sediarão os jogos da Copa as "matrizes de responsabilidade", que fixam as competências de cada nível de governo, definem o cronograma das ações e apontam os valores a serem investidos em cada projeto. O relatório do TCU adverte que essas matrizes "não estão sendo rigorosamente observadas pelos diversos entes federativos envolvidos no evento, dado que existe divergência nos valores previstos e descumprimento de diversos prazos determinados". Esse fato, de acordo com o relator, indica "possível fragilidade no processo de acompanhamento por parte do Ministério do Esporte, característica que dificulta muito as ações de controle".
Um dos integrantes do governo Lula mantidos no cargo pela presidente Dilma Rousseff, o ministro do Esporte, Orlando Silva, ocupa o Ministério desde 2006, tendo sido responsável, na esfera federal, pelas obras do Pan-2007. No caso dos preparativos para a Copa, ele ainda não enviou ao TCU as "matrizes de responsabilidades" para as obras nos portos e aeroportos, elaboradas em julho do ano passado, "dificultando a transparência das ações", observou Campelo.
Grandes diferenças entre o valor registrado na "matriz de responsabilidade" e o valor do contrato foram constatadas pelo TCU. As obras do novo estádio da Fonte Nova, em Salvador, por exemplo, estavam orçadas em R$ 591 milhões, mas foram contratadas por R$ 1,6 bilhão. O projeto de construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Brasília tinha orçamento de R$ 364 milhões na "matriz de responsabilidade", mas a obra foi contratada por R$ 1,55 bilhão.
Na reforma do Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, o TCU constatou diferença de preços (orçada em R$ 600 milhões, a reforma foi contratada por R$ 705 milhões), mas esse não é o principal problema do contrato. Faltam detalhes das obras. Nas reformas dos Estádios Verdão, em Cuiabá, e Mineirão, em Belo Horizonte, foram apresentadas, respectivamente, 702 e 1.309 plantas. Na do Maracanã, apenas 37.
"Como não há projetos de engenharia suficientes para caracterizar os serviços contratados, a planilha (de custos) beira a mera peça de ficção", afirma o relatório. A fragilidade da planilha pode dar margem a diversas revisões contratuais, de modo que o custo final poderá ser muito maior do que o valor contratado. "Não há qualquer segurança de que a planilha contratual, derivada do orçamento-base, contemplará o custo real e efetivo da obra", adverte o relatório.
Por causa disso, o TCU recomendou ao BNDES que libere apenas 20% do financiamento de R$ 400 milhões para a reforma do Maracanã (o governo fluminense entrará com os R$ 305 milhões restantes).
Também contratos na área de transportes apresentam falhas, atrasos e estouro nos orçamentos. Das obras anunciadas, algumas nem têm projeto básico, como a do monotrilho de São Paulo. No caso do monotrilho de Manaus, a Controladoria-Geral da União emitiu nota demonstrando a inviabilidade do projeto, por causa de seu alto custo e do risco de não ser concluído até a Copa. Além do custo excessivo, o contrato do VLT de Brasília apresentou irregularidades que exigiram a suspensão e a paralisação da obra, da qual só foram executados 2%.
Medidas preventivas foram sugeridas pelo TCU aos responsáveis pelas obras, para evitar que elas sejam paralisadas no futuro por irregularidades. Resta saber se elas serão suficientes para proteger com rigor o dinheiro público.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - QUERIAM O QUE? DIANTE DA IMPUNIDADE QUE AMPARA OS AUTORES DE CRIMES QUE ENVOLVEM VERBAS PÚBLICAS E DA INOPERÂNCIA E "CEGUEIRA" DOS INSTRUMENTOS DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO EXISTENTES NO BRASIL, SÓ PODIA DAR NISTO. QUEM COM SÃ CONSCIÊNCIA, NÃO PREVIU ISTO?
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
PARA PAULISTANO, CUSTO DO VEREADOR É MAIOR DO QUE DEPUTADO FEDERAL.
Vereador de SP custa mais do que deputado federal - JOSÉ BENEDITO DA SILVA, DE SÃO PAULO - FOLHA ONLINE, 11/02/2011
Com o reajuste de 61,8% nos salários dos vereadores, os gastos diretos de cada gabinete da Câmara paulistana irão a R$ 114,8 mil --mais que a despesa dos deputados federais, que é de R$ 114,4 mil.
Cada vereador, além do salário de R$ 15.031, tem uma verba mensal de R$ 84,4 mil para contratar até 18 assessores e R$ 15,3 mil para despesas como gráfica, correio, telefone e combustíveis.
Os gastos de deputado federal incluem uma despesa que vereadores não têm: as passagens aéreas. O custo/vereador só é inferior ao custo/deputado estadual, que em SP será de R$ 135,8 mil (veja quadro nesta página).
Levantamento feito pela Folha com base nas prestações de contas do ano passado mostra que, fora salários, os principais gastos dos vereadores foram de divulgação, como impressão de boletins e jornais e correio.
'É propaganda paga por nós', diz Sonia Barboza, diretora da ONG Movimento Voto Consciente, que monitora o trabalho da Câmara.
Para Claudio Weber Abramo, diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, os vereadores usam verbas de gabinete para promoção eleitoral. 'Aproveitam-se do fato de poder definir quanto dinheiro gastar e como gastar para edificar a imagem.'
Embora cada gabinete tivesse R$ 184,7 mil para gastar, nem todos o fizeram --10 dos 55 vereadores ultrapassaram a marca de R$ 180 mil.
Houve quem usasse parte expressiva da verba com apenas uma despesa, como Jooji Hato (PMDB), que gastou R$ 109,2 mil em cartas.
Entre as correspondências enviadas pelos vereadores há boletins informativos, convites e até parabéns por aniversário. 'A maioria nem lê e joga fora', diz Sonia.
Dalton Silvano (PSDB) e Quito Formiga (PR) gastaram praticamente a metade com gráfica. Senival Moura e Alfredinho, ambos do PT, fizeram o mesmo, mas com a contratação de advogados.
O gasto com consultorias, principalmente jurídicas, foi o terceiro maior gasto, apesar de o Legislativo ter advogados. 'A Câmara deveria ter um corpo suficientemente grande para atender às necessidades jurídicas de cada vereador', afirma Sonia.
DEMOCRACIA
Para o presidente da Câmara, José Police Neto (PSDB), dar estrutura e autonomia de gastos ao vereador é garantir a democracia.
'Essa estrutura precisa existir para dar as respostas que a população quer. Alguma liberdade você tem de dar para o mandato popular.'
Segundo ele, o trabalho dos vereadores é comparável ao dos deputados federais. 'A gente tem de compreender o tamanho da tarefa que os parlamentares têm na maior metrópole do país.'
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - "GARANTIR A DEMOCRACIA"!?!?!? COITADA DA TAL DEMOCRACIA QUE ESTÁ SE TORNANDO ARGUMENTO PARA ENRIQUECER ÀS CUSTAS DO POVO. SERIA BOM LEMBRAR AO NOBRE VERADOR QUE, NA IDADE MÉDIA, A DEMOCRACIA SERVIU DE ARGUMENTO PARA CORTAR CABEÇAS DAQUELES QUE TORRAVAM O DINHEIRO POVO.
PAGANDO O CUSTO DO SENADO
- OPINIÃO, O Estado de S.Paulo - 11/02/2011
O que espanta o contribuinte nos dados sobre o quadro de pessoal do Senado Federal não é tanto o notório inchaço da administração da Casa, mas, sobretudo, a contínua expansão dessa estrutura pesada e o aumento ininterrupto de seu custo para os cofres públicos. É difícil para o cidadão comum entender por que, para cumprir seu papel, o Senado - formado por 81 senadores - precisa sustentar 5,2 mil servidores efetivos e comissionados, além de 2,4 mil aposentados e pensionistas.
É enorme o preço que a sociedade paga por isso. Em 2010, os gastos do Senado com seus funcionários totalizaram R$ 2,543 bilhões, mais de 80% de todas despesas da Casa, inclusive com obras e manutenção, como mostrou reportagem de Eduardo Bresciani, publicada quarta-feira pelo Estado. Em relação a 2009, o aumento foi de R$ 323 milhões, ou 14,6%. Essa expansão mostra que estavam subestimadas as projeções feitas em junho último, quando foi aprovado o plano de cargos e salários que garantiu aumento médio de 25% para os servidores efetivos e comissionados. A direção do Senado dizia que o benefício elevaria em R$ 217 milhões os gastos com pessoal em 2010. O que se constatou foi um aumento quase 50% maior. O plano beneficiou também os aposentados e pensionistas, cujo custo aumentou de R$ 714 milhões em 2009 para R$ 827 milhões em 2010.
Destaque-se que, na aprovação do plano, os parlamentares deixaram de lado seus próprios vencimentos, não porque não estivessem interessados em aumentá-los, mas porque não queriam atrelar os benefícios para si aos que estavam estendendo aos funcionários da Casa. Em dezembro, na última sessão do ano, aprovaram aumento de 61,8% para os congressistas que assumiram o mandato em 1.º de fevereiro, boa parte reeleitos.
A Secretaria de Recursos Humanos do Senado informou que parte do aumento dos gastos em 2010 se deveu ao pagamento parcial da reposição, determinada pela Justiça, das perdas dos servidores quando da adoção da Unidade Real de Valor (URV) no início do Plano Real (julho de 1994). Outra parte se deveu à contratação de 180 servidores, número maior do que o dos que se aposentaram (160).
Mesmo que nada de extraordinário ocorra neste ano, já está certo que os funcionários do Senado custarão mais para os contribuintes - o Orçamento aprovado pelo Congresso prevê aumento de 11,7% das despesas do Senado com pessoal.
Depois da divulgação desses dados, a Mesa do Senado suspendeu o concurso para a contratação de 180 servidores e cortou as horas extras dos servidores em cargos de direção e chefia. Ainda não há cálculos da economia que resultará dessa decisão, mas, para os próximos anos, já há uma fonte certa de pressão sobre essas despesas. A direção do Senado calcula que, até 2015, 1,6 mil servidores poderão se aposentar. Eles continuarão na folha de pagamentos como inativos e, se seus cargos não forem extintos, serão substituídos por novos funcionários, gerando novas despesas. Em resumo, sem uma mudança corajosa nas regras atuais, o aumento dos gastos com pessoal será inevitável.
Em 2009, para livrar-se das pressões decorrentes da revelação dos atos secretos pelo Estado, o então presidente do Senado, José Sarney, prometeu aprovar uma reforma administrativa - que seria elaborada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) - e entregar a Casa "modernizada". Por contrariar os interesses dos servidores, o projeto resultante do trabalho da FGV - que prevê cortes nas chefias - parou na Comissão de Constituição e Justiça. Livre das ameaças de processo por quebra de decoro parlamentar, Sarney não precisou mais dessa desculpa e passou a ignorar o assunto. Reeleito, não deverá mudar de atitude.
Sua decisão, confirmada por sua assessoria, de nomear Doris Marize Peixoto para a Diretoria-Geral do Senado, torna a reforma ainda mais improvável. Trata-se de uma funcionária ligada à família Sarney - foi chefe de gabinete da então senadora Roseana Sarney - e que, como diretora de Recursos Humanos do Senado desde 2009, por nomeação do presidente reeleito da Casa, é corresponsável pelo rápido aumento dos gastos com pessoal.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - No Egito, o povo dá demonstração ao mundo de cidadania e civismo, assim como o povo daqui deu a vinte anos. Lá querem tirar um dirigente que governa o país com mãos de ferro, vivendo da riqueza produzida pelo suor do povo. Aqui, no Brasil, uma oligarquia governa amparado por leis remendadas e sistemas propícios para a manutenção de poder, privilégios, farras, atos secretos, funcionários fantasmas, laranjas, desvios de recursos públicos e salários abusivos. Estes não querem reforma política e judiciária, outra constituição ou outro sistema eleitoral. Ao povo, resta pagar cada vez mais impostos que consomem mais de 45% do seu trabalho , da sua saúde, do seu lazer e da sua alimentação e moradia. Este porém, não tem a coragem do povo do Egito ou a fonte de energia capaz de acordá-lo deste sono profundo em berço esplêndido. Vai continuar pagando o custo.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
A INSANIDADE TRIBUTÁRIA
OPINIÃO, O Estado de S.Paulo - 08/02/2011
Não é ao projeto do advogado mineiro Vinícios Leôncio, de reunir num único livro toda a legislação tributária em vigor no País, que se aplica a qualificação de "verdadeira insanidade" dada pelos amigos a sua empreitada. Ela se aplica, de fato, e com precisão, ao conteúdo da obra. Monstruosamente extensa, detalhista demais, exigente em excesso e em constante modificação e ampliação, a legislação tributária brasileira - formada por um cipoal que começa nas normas constitucionais e se estende por leis, decretos, portarias e instruções normativas, editados continuamente nos três níveis de governo - exaure o contribuinte, confunde-o, exigindo dele um ingente trabalho para entender e cumprir todas as regras e, mesmo assim, o deixa vulnerável à ação implacável dos fiscais dos órgãos arrecadadores. É uma verdadeira insanidade.
É assustador o resultado do material do trabalho de quase duas décadas do advogado mineiro, mostrado na reportagem de Eduardo Kattah publicada domingo pelo Estado. Sua intenção era apresentar, de maneira explícita, o tamanho e a complexidade da legislação tributária, com todas as normas federais, dos 26 Estados, do Distrito Federal e dos mais de 5 mil municípios. Quando pronto, o livro terá 43,2 mil páginas, cada uma com 2,2 m de largura e 1,4 m de altura, e pesará 6,2 toneladas - com registro assegurado no livro Guinness de recordes.
Todo mundo sabe que a legislação brasileira é muito extensa, mas ela nunca teve visibilidade concreta, justificou o advogado. E sua ideia foi "mostrar para a sociedade o tamanho da legislação de um país que edita (em média) 35 normas tributárias por dia útil".
Outros tributaristas vêm, há tempos, mostrando o caráter caótico das regras tributárias brasileiras, formadas por mais de 3 mil normas federais, além de milhares de normas estaduais e municipais.
A extrema complexidade do sistema tributário impõe aos contribuintes um enorme trabalho para cumprir integralmente as normas. O aumento da eficácia e da amplitude do trabalho dos agentes fiscais dos três níveis de governo, por sua vez, resulta em mais pressão sobre as empresas para o cumprimento estrito de todas as regras e das obrigações acessórias.
O resultado prático mais danoso dessas pressões e desse sistema caótico já é conhecido internacionalmente - o alto custo da burocracia tributária. Na mais recente pesquisa anual realizada pelo Banco Mundial sobre a facilidade de realização de negócios, a Doing Business, o Brasil ocupa a 129.ª posição entre 183 países. Na América Latina, está à frente apenas de Equador, Bolívia, Venezuela, Haiti, Suriname e Honduras.
O pior resultado do País está no item "procedimentos para o pagamento de impostos", em que ocupa a 150.ª posição. Segundo a pesquisa, os empresários brasileiros arcam com o custo de 2.600 horas anuais para cumprir as obrigações tributárias. Na América Latina e no Caribe, o gasto médio é de 385,2 horas por ano; nos países de renda alta que integram a OCDE, a média é de 194,1 horas anuais.
Em recente trabalho sobre os custos do sistema tributário, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) observou que, com a edição constante de novas normas, o governo se vê obrigado a abrir concursos para mais e mais fiscais e funcionários da Receita e as empresas, a inchar mais e mais seus departamentos contábeis e jurídicos.
O aumento dos custos, para atender a um número cada vez maior de exigências tributárias, acaba sendo transferido para os clientes, o que resulta em pressão sobre os preços. Nem assim os contribuintes se sentem seguros, pois, com as mudanças frequentes das normas e com o aumento do rigor do Fisco na interpretação delas, nunca se tem certeza de que todas as obrigações estão sendo cumpridas.
Além disso, o prazo para o recolhimento de tributos é, muitas vezes, menor do que o concedido pelas empresas para o pagamento do bem ou serviço vendido, o que as força a obter financiamento para pagar impostos.
E tudo isso sem falar no aumento ininterrupto da carga tributária nos últimos anos, que torna cada vez mais difícil a atividade econômica no País.
INFLAÇÃO DOBRA
Inflação tem a maior alta mensal desde abril de 2005. Segundo IBGE, IPCA teve alta de 0,83% em janeiro ante dezembro, a maior variação desde abril de 2005, quando o índice subiu 0,87% - O ESTADO DE SÃO PAULO, 08/02/2011 - Alessandra Saraiva e Mônica Ciarelli, da Agência Estado
RIO - A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,83% em janeiro, ante alta de 0,63% em dezembro, informou nesta quarta-feira, 8, o IBGE. Segundo o instituto, o resultado do mês passado representou a maior taxa positiva desde abril de 2005, quando o índice subiu 0,87%.
O resultado de janeiro do IPCA veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que previam alta de 0,74% a 0,87%, e superou levemente a mediana projetada, de 0,81%. Nos últimos 12 meses até janeiro, o IPCA acumula alta de 5,99%.
Alimentação e Bebidas e Transportes foram os maiores responsáveis pela pressão sobre o IPCA de janeiro (0,83%), segundo informou o IBGE. Os dois grupos - o de Alimentos e Bebidas e o de Transportes - somaram contribuição de 0,56 ponto porcentual no índice, o que equivale a 67% do IPCA em janeiro. O grupo de Alimentos e Bebidas representou 0,27 ponto porcentual e o de Transportes, 0,29 ponto porcentual.
INPC
A inflação medida pelo INPC ficou em 0,94%, segundo dados divulgados pelo IBGE. O resultado ficou 0,34 ponto porcentual acima do registrado em dezembro de 2010, que ficou em 0,60%. No acumulado dos últimos 12 meses, o INPC acumulou alta de 6,53%. O INPC se refere às famílias com rendimento monetário de um a seis salários mínimos, enquanto o IPCA coleta dados de famílias com renda de um a 40 salários mínimos.
sábado, 5 de fevereiro de 2011
FURNAS COBRE CALOTE PRIVADO
Furnas cobriu calote de empresa privada ligada ao deputado Eduardo Cunha - O Globo, 04/02/2011 às 23h59m; Chico Otavio
RIO - Pressionada pelos sócios, Furnas Centrais Elétricas cobriu os prejuízos causados pela participação da Companhia Energética Serra da Carioca II na sociedade montada para construir e explorar a Usina Hidrelétrica da Serra do Facão , em Goiás. As perdas para a estatal, que superam R$ 100 milhões, incluem o pagamento de um empréstimo de R$ 60 milhões, tomado em abril de 2008 pela empresa Serra da Carioca II junto ao ABN AMRO Real, que teve como garantia as próprias ações da sociedade e não foi honrado.
Pivô da crise que causou a saída de Carlos Nadalutti da presidência de Furnas, substituído por Flávio Decat , a Serra da Carioca II teve entre os membros do Conselho de Administração o ex-presidente da Cedae Lutero de Castro Cardoso, apadrinhado político do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ). É atribuída ao mesmo parlamentar a indicação da diretoria de Furnas que, na época, autorizou o negócio.
O desembolso feito por Furnas, depois de ação judicial proposta pela Alcoa, outra sócia do negócio, foi omitido da carta enviada por Nadalutti ao ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, para explicar a operação suspeita.
O então presidente da estatal alegou que, ao comprar da Serra da Carioca II, por R$ 80 milhões , um lote de ações que fora adquirido pelo sócio por R$ 6,9 milhões sete meses antes, Furnas teria compensado supostos aportes feitos pela empresa privada no período.
Termo de compromisso assinado por Furnas, cujo conteúdo foi obtido pelo GLOBO, revela outra situação: a estatal não apenas teve de cobrir o calote bancário da Serra da Carioca II, sob pena de ser excluída do investimento, como também assumiu aportes de mais de R$ 16 milhões que a empresa ligada a Eduardo Cunha deixara de fazer no empreendimento, contrariando as suas obrigações societárias.
O desembolso de Furnas levou a Alcoa a desistir de um pedido de arbitragem em São Paulo e de uma ação judicial, com medida cautelar, aberta na 51ª Vara Cível do Rio de Janeiro, para obrigá-la a pagar. Se os compromissos de Serra da Carioca II não fossem honrados, Furnas corria o risco de ser forçada a vender a sua participação no negócio por 90% do valor de face das ações.
Revelada pelo GLOBO, a operação é agora alvo de uma investigação na Controladoria Geral da União (CGU), que não considerou satisfatórias as explicações de Nadalutti.
Desde setembro de 2007, quando o ex-prefeito Luiz Paulo Conde assumiu a presidência da estatal, Furnas é feudo do PMDB fluminense. Um ano depois, doente, Conde foi substituído por Nadalutti, que, em entrevista ao jornal, reconheceu ser filiado ao PMDB de Goiás e ter chegado ao cargo por indicação política.
Criada em dezembro de 2007, duas semanas antes de entrar no negócio com Furnas , a Serra da Carioca II faz parte do Grupo Gallway, sediado em paraíso fiscal no Caribe. Um de seus executivos é Lúcio Funaro, o mesmo empresário que alugava o apartamento ocupado, em 2003, no flat Blue Tree Towers (em Brasília), por Eduardo Cunha - o parlamentar, porém, sustenta que não conhece Funaro.
Para participar do empreendimento, Furnas montou, ao lado da administradora de fundos Oliveira Trust Service, sociedade com propósitos específicos: Serra do Facão Participações. A parceria com a empresa privada foi a alternativa encontrada para superar as restrições legais que impediam estatais de atuar como sócias majoritárias.
Sendo assim, Furnas deteve 49% das ações, e a Oliveira Trust, 51%. Uma cláusula contratual, porém, garantia à estatal a opção de compra das ações do sócio. Esta sociedade, para participar do projeto da usina, teve de fazer parte de outra, a Serra do Facão Energia, que tinha como sócios a Alcoa Alumínio, a Camargo Corrêa Energia e a DME Energética.
Porém, no mesmo mês em que a Serra da Carioca II foi criada, Furnas renunciou à preferência de compra do lote de ações da Oliveira Trust. A desistência abriu caminho para o ingresso da empresa ligada a Eduardo Cunha no negócio.
A construção da usina em Goiás seria alavancada por um financiamento do BNDES, no valor de R$ 400 milhões. Semanas antes da assinatura do contrato, Serra da Carioca II tomou o empréstimo de R$ 60 milhões do ABN AMRO Real para cumprir parte da obrigação de aporte de capital no negócio, que era de quase R$ 100 milhões.
O negócio, porém, começou a complicar para Furnas e seu sócio privado em junho, quando o BNDES negou o empréstimo. Ao levantar informações sobre o quadro societário da Serra da Carioca II, o banco teria descoberto que sua sede ficava em paraíso fiscal, e que alguns dos seus sócios estavam envolvidos em escândalos financeiros.
No mesmo mês, Furnas recebeu comunicado do ABN AMRO Real de que iria executar os seus direitos sobre as ações alienadas. Sem o financiamento, Serra da Carioca decidiu sair do negócio, mas havia um impedimento legal para Furnas comprar a sua parte e assumir integralmente a sociedade.
Na época, Cunha, o mesmo deputado que indicara a diretoria da estatal e tinha amigos entre os gestores da Serra da Carioca, apresentou e conseguiu aprovar mudança na lei, permitindo que estatais do setor elétrico fossem acionistas majoritárias de consórcios "que se destinem à exploração da produção ou transmissão de energia elétrica sob regime de concessão ou autorização".
Vencido o obstáculo, em julho, Serra da Carioca II vendeu para Furnas o lote de ações que tinha comprado por R$ 6 milhões por R$ 80 milhões e finalmente deixou o negócio.
Procurada desde a manhã desta sexta-feira e comunicada sobre o teor da reportagem em duas mensagens, Furnas optou por não responder ao jornal até o fechamento da edição, à noite. A Alcoa também foi procurada e não respondeu.
RIO - Pressionada pelos sócios, Furnas Centrais Elétricas cobriu os prejuízos causados pela participação da Companhia Energética Serra da Carioca II na sociedade montada para construir e explorar a Usina Hidrelétrica da Serra do Facão , em Goiás. As perdas para a estatal, que superam R$ 100 milhões, incluem o pagamento de um empréstimo de R$ 60 milhões, tomado em abril de 2008 pela empresa Serra da Carioca II junto ao ABN AMRO Real, que teve como garantia as próprias ações da sociedade e não foi honrado.
Pivô da crise que causou a saída de Carlos Nadalutti da presidência de Furnas, substituído por Flávio Decat , a Serra da Carioca II teve entre os membros do Conselho de Administração o ex-presidente da Cedae Lutero de Castro Cardoso, apadrinhado político do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ). É atribuída ao mesmo parlamentar a indicação da diretoria de Furnas que, na época, autorizou o negócio.
O desembolso feito por Furnas, depois de ação judicial proposta pela Alcoa, outra sócia do negócio, foi omitido da carta enviada por Nadalutti ao ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, para explicar a operação suspeita.
O então presidente da estatal alegou que, ao comprar da Serra da Carioca II, por R$ 80 milhões , um lote de ações que fora adquirido pelo sócio por R$ 6,9 milhões sete meses antes, Furnas teria compensado supostos aportes feitos pela empresa privada no período.
Termo de compromisso assinado por Furnas, cujo conteúdo foi obtido pelo GLOBO, revela outra situação: a estatal não apenas teve de cobrir o calote bancário da Serra da Carioca II, sob pena de ser excluída do investimento, como também assumiu aportes de mais de R$ 16 milhões que a empresa ligada a Eduardo Cunha deixara de fazer no empreendimento, contrariando as suas obrigações societárias.
O desembolso de Furnas levou a Alcoa a desistir de um pedido de arbitragem em São Paulo e de uma ação judicial, com medida cautelar, aberta na 51ª Vara Cível do Rio de Janeiro, para obrigá-la a pagar. Se os compromissos de Serra da Carioca II não fossem honrados, Furnas corria o risco de ser forçada a vender a sua participação no negócio por 90% do valor de face das ações.
Revelada pelo GLOBO, a operação é agora alvo de uma investigação na Controladoria Geral da União (CGU), que não considerou satisfatórias as explicações de Nadalutti.
Desde setembro de 2007, quando o ex-prefeito Luiz Paulo Conde assumiu a presidência da estatal, Furnas é feudo do PMDB fluminense. Um ano depois, doente, Conde foi substituído por Nadalutti, que, em entrevista ao jornal, reconheceu ser filiado ao PMDB de Goiás e ter chegado ao cargo por indicação política.
Criada em dezembro de 2007, duas semanas antes de entrar no negócio com Furnas , a Serra da Carioca II faz parte do Grupo Gallway, sediado em paraíso fiscal no Caribe. Um de seus executivos é Lúcio Funaro, o mesmo empresário que alugava o apartamento ocupado, em 2003, no flat Blue Tree Towers (em Brasília), por Eduardo Cunha - o parlamentar, porém, sustenta que não conhece Funaro.
Para participar do empreendimento, Furnas montou, ao lado da administradora de fundos Oliveira Trust Service, sociedade com propósitos específicos: Serra do Facão Participações. A parceria com a empresa privada foi a alternativa encontrada para superar as restrições legais que impediam estatais de atuar como sócias majoritárias.
Sendo assim, Furnas deteve 49% das ações, e a Oliveira Trust, 51%. Uma cláusula contratual, porém, garantia à estatal a opção de compra das ações do sócio. Esta sociedade, para participar do projeto da usina, teve de fazer parte de outra, a Serra do Facão Energia, que tinha como sócios a Alcoa Alumínio, a Camargo Corrêa Energia e a DME Energética.
Porém, no mesmo mês em que a Serra da Carioca II foi criada, Furnas renunciou à preferência de compra do lote de ações da Oliveira Trust. A desistência abriu caminho para o ingresso da empresa ligada a Eduardo Cunha no negócio.
A construção da usina em Goiás seria alavancada por um financiamento do BNDES, no valor de R$ 400 milhões. Semanas antes da assinatura do contrato, Serra da Carioca II tomou o empréstimo de R$ 60 milhões do ABN AMRO Real para cumprir parte da obrigação de aporte de capital no negócio, que era de quase R$ 100 milhões.
O negócio, porém, começou a complicar para Furnas e seu sócio privado em junho, quando o BNDES negou o empréstimo. Ao levantar informações sobre o quadro societário da Serra da Carioca II, o banco teria descoberto que sua sede ficava em paraíso fiscal, e que alguns dos seus sócios estavam envolvidos em escândalos financeiros.
No mesmo mês, Furnas recebeu comunicado do ABN AMRO Real de que iria executar os seus direitos sobre as ações alienadas. Sem o financiamento, Serra da Carioca decidiu sair do negócio, mas havia um impedimento legal para Furnas comprar a sua parte e assumir integralmente a sociedade.
Na época, Cunha, o mesmo deputado que indicara a diretoria da estatal e tinha amigos entre os gestores da Serra da Carioca, apresentou e conseguiu aprovar mudança na lei, permitindo que estatais do setor elétrico fossem acionistas majoritárias de consórcios "que se destinem à exploração da produção ou transmissão de energia elétrica sob regime de concessão ou autorização".
Vencido o obstáculo, em julho, Serra da Carioca II vendeu para Furnas o lote de ações que tinha comprado por R$ 6 milhões por R$ 80 milhões e finalmente deixou o negócio.
Procurada desde a manhã desta sexta-feira e comunicada sobre o teor da reportagem em duas mensagens, Furnas optou por não responder ao jornal até o fechamento da edição, à noite. A Alcoa também foi procurada e não respondeu.
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
MUITO DINHEIRO PARA EMENDAS NA VÉSPERA DAS ELEIÇÕES
Planalto deu mais dinheiro a emendas às vésperas de eleição no Congresso. Segundo levantamento no Siafi, liberação de \"restos a pagar\" para emendas cresceu 17% em janeiro deste ano em relação ao mesmo mês de 2010; PMDB, cuja bancada ameaçou retaliar em votações importantes, foi o partido mais beneficiado, com R$ 12 milhões - 02 de fevereiro de 2011 - Julia Duailibi, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Nas vésperas da eleição para as Mesas do Congresso Nacional e no momento em que o governo enfrenta a insatisfação de partidos da base aliada, aumentou a liberação de "restos a pagar" de emendas propostas por parlamentares. Houve um crescimento de 17% na liberação desse tipo de recurso em janeiro deste ano em relação a janeiro do ano passado.
O PMDB, cuja bancada tem criticado a montagem do governo Dilma Rousseff - chegou a ameaçar veladamente retaliar o Planalto em votações importantes, como a do salário mínimo -, foi o partido que mais teve recursos pagos até agora: R$ 12 milhões. Em segundo lugar, vieram os restos a pagar de emendas do PT, com R$ 3,3 milhões.
Os restos a pagar são recursos cujos gastos foram autorizados pelo governo no Orçamento, mas não efetivamente pagos. É por intermédio das emendas que os parlamentares beneficiam seus redutos eleitorais com obras. Por isso a liberação de emendas tem se transformado num instrumento de pressão ou barganha entre Legislativo e Executivo.
Saldo
De acordo com levantamento feito no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira), foram liberados até o dia 31 de janeiro R$ 148 milhões de restos a pagar de emendas específicas (para obras determinadas) propostas por deputados, senadores e bancadas. Em janeiro de 2010, a liberação fora menor. Até o dia 31 daquele ano, havia alcançado R$ 126 milhões, R$ 22 milhões a menos que agora.
Em janeiro de 2010, ano de disputa eleitoral, foram os parlamentares do PT que lideraram o ranking de liberações dos restos a pagar. À época, haviam sido liberados R$ 8 milhões para emendas de petistas contra R$ 1,8 milhão para peemedebistas.
Agora, os peemedebistas assumiram a dianteira. Os R$ 12 milhões liberados para obras e projetos de parlamentares da legenda superam a soma dos valores pagos para as emendas do PT, PR, PP, PSB, PC do B e PDT.
Na votação para eleger a direção da Câmara, anteontem, o governo enfrentou insatisfação dos partidos integrantes da base, entre os quais parlamentares que criticavam a demora por parte do governo na liberação de emendas. Houve o lançamento de uma candidatura avulsa do deputado Sandro Mabel (PR-GO), que acabou levando 106 votos, contra os 375 do candidato do governo, o vencedor Marco Maia (PT-RS). Uma das plataformas de Mabel foi tornar impositiva a execução das emendas parlamentares, diminuindo o poder do Palácio do Planalto de manobrar esse tipo de recurso.
No primeiro mês de gestão Dilma, o Planalto também teve de lidar com uma crise dos aliados, principalmente do PMDB, que se disseram insatisfeitos com os rumos das negociações para a ocupação de cargos em ministérios, estatais e no segundo escalão. O governo tradicionalmente recorre às emendas dos parlamentares como uma forma de apaziguar a base.
Os partidos da base aliada foram os que mais tiveram os restos a pagar de emendas liberados. PP e PDT vieram atrás de PMDB e PT, com a liberação neste mês de R$ 2,5 milhões e R$ 2,4 milhões, respectivamente.
Oposição. Os principais partidos da oposição, PSDB, DEM e PPS, foram os menos agraciados. De acordo com dados do Siafi, foram pagos R$ 1,8 milhão de restos a pagar de emendas propostas por tucanos. Do lado do DEM, os valores chegaram a R$ 1,6 milhão, e no PPS a R$ 376 mil.
A equipe econômica da presidente Dilma prepara um bloqueio dos recursos orçamentários, como forma de conter a inflação e sinalizar ao mercado financeiro que pretende implantar um ajuste fiscal. Os "restos a pagar" deixados pela gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram um dos pontos de preocupação levantados pelos técnicos do governo ao analisarem a saúde das contas públicas.
Segundo os dados do Siafi, só de emendas de parlamentares e de bancadas, os valores inscritos em 2011 ultrapassam R$ 5,6 bilhões.
BRASÍLIA - Nas vésperas da eleição para as Mesas do Congresso Nacional e no momento em que o governo enfrenta a insatisfação de partidos da base aliada, aumentou a liberação de "restos a pagar" de emendas propostas por parlamentares. Houve um crescimento de 17% na liberação desse tipo de recurso em janeiro deste ano em relação a janeiro do ano passado.
O PMDB, cuja bancada tem criticado a montagem do governo Dilma Rousseff - chegou a ameaçar veladamente retaliar o Planalto em votações importantes, como a do salário mínimo -, foi o partido que mais teve recursos pagos até agora: R$ 12 milhões. Em segundo lugar, vieram os restos a pagar de emendas do PT, com R$ 3,3 milhões.
Os restos a pagar são recursos cujos gastos foram autorizados pelo governo no Orçamento, mas não efetivamente pagos. É por intermédio das emendas que os parlamentares beneficiam seus redutos eleitorais com obras. Por isso a liberação de emendas tem se transformado num instrumento de pressão ou barganha entre Legislativo e Executivo.
Saldo
De acordo com levantamento feito no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira), foram liberados até o dia 31 de janeiro R$ 148 milhões de restos a pagar de emendas específicas (para obras determinadas) propostas por deputados, senadores e bancadas. Em janeiro de 2010, a liberação fora menor. Até o dia 31 daquele ano, havia alcançado R$ 126 milhões, R$ 22 milhões a menos que agora.
Em janeiro de 2010, ano de disputa eleitoral, foram os parlamentares do PT que lideraram o ranking de liberações dos restos a pagar. À época, haviam sido liberados R$ 8 milhões para emendas de petistas contra R$ 1,8 milhão para peemedebistas.
Agora, os peemedebistas assumiram a dianteira. Os R$ 12 milhões liberados para obras e projetos de parlamentares da legenda superam a soma dos valores pagos para as emendas do PT, PR, PP, PSB, PC do B e PDT.
Na votação para eleger a direção da Câmara, anteontem, o governo enfrentou insatisfação dos partidos integrantes da base, entre os quais parlamentares que criticavam a demora por parte do governo na liberação de emendas. Houve o lançamento de uma candidatura avulsa do deputado Sandro Mabel (PR-GO), que acabou levando 106 votos, contra os 375 do candidato do governo, o vencedor Marco Maia (PT-RS). Uma das plataformas de Mabel foi tornar impositiva a execução das emendas parlamentares, diminuindo o poder do Palácio do Planalto de manobrar esse tipo de recurso.
No primeiro mês de gestão Dilma, o Planalto também teve de lidar com uma crise dos aliados, principalmente do PMDB, que se disseram insatisfeitos com os rumos das negociações para a ocupação de cargos em ministérios, estatais e no segundo escalão. O governo tradicionalmente recorre às emendas dos parlamentares como uma forma de apaziguar a base.
Os partidos da base aliada foram os que mais tiveram os restos a pagar de emendas liberados. PP e PDT vieram atrás de PMDB e PT, com a liberação neste mês de R$ 2,5 milhões e R$ 2,4 milhões, respectivamente.
Oposição. Os principais partidos da oposição, PSDB, DEM e PPS, foram os menos agraciados. De acordo com dados do Siafi, foram pagos R$ 1,8 milhão de restos a pagar de emendas propostas por tucanos. Do lado do DEM, os valores chegaram a R$ 1,6 milhão, e no PPS a R$ 376 mil.
A equipe econômica da presidente Dilma prepara um bloqueio dos recursos orçamentários, como forma de conter a inflação e sinalizar ao mercado financeiro que pretende implantar um ajuste fiscal. Os "restos a pagar" deixados pela gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram um dos pontos de preocupação levantados pelos técnicos do governo ao analisarem a saúde das contas públicas.
Segundo os dados do Siafi, só de emendas de parlamentares e de bancadas, os valores inscritos em 2011 ultrapassam R$ 5,6 bilhões.
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